Rio – A Rocinha recebe hoje a 28ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Com 70 mil moradores, a maior do Rio, a favela da Zona Sul contará com efetivo de 700 policiais militares e 12 motocicletas, que patrulharão as 25 subcomunidades na área de 840 mil mestros quadrados.
A UPP terá sede administrativa, atualmente em construção no Parque Ecológico da Rocinha, e oito bases avançadas em pontos estratégicos da comunidade.
Com geografia íngreme e vielas estreitas, a favela receberá a maior frota de motos entre as UPPs na intensificação do patrulhamento.
Durante toda a semana a polícia ocupou a Rocinha em busca dos assassinos. Vários suspeitos foram presos, incluindo um adolescente, que confessou ter participado da morte de Diego Henriques.
O processo de pacificação na comunidade começou em novembro de 2010, quando forças policiais ocuparam a favela e prenderam Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico no local
Nos últimos quatro anos, foram investidos R$ 272 milhões em obras de urbanização na Rocinha, que incluem um complexo esportivo, um conjunto habitacional e uma unidade de saúde.
Na segunda fase de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estão previstas a construção de um mercado público e a implantação de um teleférico com três estações, a exemplo do que foi instalado no Complexo do Alemão. O investimento total em obras do PAC na Rocinha pode chegar a R$ 700 milhões.
Às vésperas da inauguração, o clima na comunidade é de expectativa. Para muitos moradores, a chegada das forças de segurança, em novembro levou a muitos avanços. Eles esperam, entretanto, melhorias urbanas e na segurança.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que a inauguração da UPP é apenas uma etapa para a consolidação da paz na comunidade. “A Rocinha tem seu caráter emblemático, assim como a Mangueira, o Alemão, mas, na minha visão, a UPP da Rocinha é mais uma. Não podemos diferenciar. É bom agir com discrição. Não é brincadeira quebrar paradigmas que estão aí há décadas. É preciso agir com calma”.
Sobre as mortes de PMs de UPPs, Beltrame disse: “Não podemos nos iludir que as coisas vão mudar de uma hora para outra. É muito triste perder um policial nessa situação. A população vive um modelo de três, quatro décadas. Acho que é um processo, as coisas vão se acomodando”.
Beltrame confirmou que traficantes de áreas pacificadas migraram para outras comunidades, mas minimizou o fenômeno apresentando número de estudos feitos pelo próprio órgão e afirmando que as consequências dessa migração são pequenas.