Jornal Estado de Minas

Tecnologia é destaque na UPP impantada na Rocinha

Além de 300 câmeras, os policiais em serviço terão acesso ao banco de dados do Disque-Denúncia e GPS instalado dentro das viaturas

Policial faz segurança na área onde ocorreu solenidade de inauguração da UPP da comunidade de 70 mil habitantes - Foto: ANTÔNIO SCORZA/AFP
Rio de Janeiro
– A maior unidade de polícia pacificadora (UPP) do Rio foi inaugurada ontem de manhã na Rocinha, a comunidade mais populosa do Brasil, com cerca de 70 mil habitantes, entre os bairros São Conrado e Gávea, na Zona Sul da cidade. Setecentos policiais vão patrulhar os 840 mil metros quadrados de área, dividida em 25 localidades menores. A sede foi construída no Parque Ecológico, no alto da comunidade. Oito bases avançadas vão ficar em pontos estratégicos. Por enquanto, o comando da UPP vai funcionar em quatros contêineres perto da entrada do parque.
Cerca de 100 câmeras vão ajudar a monitorar a comunidade. “É um projeto, já em ponto de ser feita a licitação, para a aquisição das câmeras. É uma ferramenta tecnológica e de apoio ao patrulhamento. Elas estarão em locais públicos, pois tivemos essa preocupação de não violar a liberdade e a intimidade das pessoas”, disse o coronel Rogério Seabra, comandante das unidades de pplícia pacificadora.

Outro destaque da nova UPP será o patrulhamento por motocicletas. O coronel Seabra informou que mais de 90% da área da favela não pode ser patrulhada por veículos de quatro rodas. “Tivemos que redimensionar o nosso policiamento, inclusive com a presença de mais policiais para o patrulhamento a pé, dada a topografia da comunidade”, disse.

No comando da UPP da Rocinha, o major Edson Santos acredita que a tecnologia e o patrulhamento com moto farão a diferença no policiamento. “Dividimos a Rocinha em vários setores para facilitar o patrulhamento”, afirmou Santos, que terá o apoio de quatro oficiais. O oficial considera a proximidade com a população um dos maiores desafios na pacificação. “Nosso principal objetivo é permitir que o morador da Rocinha tenha a certeza que ele agora é o dono da comunidade”, destacou.

Desde a ocupação da Rocinha pela polícia, em novembro, foram registrados 13 assassinatos, incluindo de dois policiais militares. A polícia garante que todos foram esclarecidos com ajuda da população. No dia 6, o soldado Diego Bruno Barbosa Henriques, de 24 anos, foi morto a tiros quando patrulhava a comunidade. Ele estava com mais três policiais a pé em uma localidade conhecida como Terreirão, onde foram atacados por dois homens armados. Rafael dos Santos, de 18 anos, preso depois de ser denunciado pelo pai, confessou ter matado o PM. Outro suspeito, Ronaldo Cunha, de 24, está foragido.

Cerca de 1 milhão de pessoas vivem em favelas no Rio de Janeiro, sendo que 40% passarão a ser atendidas por UPPs com a unidade.

PONTOS ESTRATÉGICOS

As 300 câmeras que serão instaladas na Rocinha serão instaladas em pontos estratégicos, segundo o tenente Guarani, que será responsável pela operação dos equipamentos. Além do sistema de monitoramento visual, a tecnologia aparece como diferencial em outros aspectos da UPP. Dentro dos contêineres onde fica a base provisória da unidade, os policiais em serviço terão acesso ao banco de dados do Disque-Denúncia e saberão quais criminosos estarão sendo procurados. Eles contarão também com um mapa da comunidade e à localização de cada policial, por meio de GPS instalado nas viaturas.

Durante a cerimônia de inauguração da UPP, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que a pacificação é um processo permanente. “Os policiais da unidade pacificadora fazem parte da história. Não temos nenhuma ilusão. A marginalidade vai tentar continuar atuando talvez na venda de drogas. Antes a polícia era o invasor. O bandido agora é o invasor”, afirmou.

Cabral lembrou a época em que o país convivia com uma inflação galopante ao falar da nova realidade do Rio com as UPPs. “Da mesma maneira que a inflação alta acabou, não faz mais parte da realidade do brasileiro, espero que, no futuro, essas crianças que estão aqui não tenham em sua memória nenhum tipo de conflito e atuação do poder paralelo”, afirmou

Já o secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, disse que o esforço das polícias Civil e Militar tornou esse dia possível. “É um projeto novo com acertos e desacertos. Temos mais aspectos positivos do que negativos. A cada dia consolidamos esse processo”, afirmou.