Brasília – O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB–SP) protocolou ontem no Ministério da Justiça pedido para mudar a classificação indicativa do longa-metragem Ted, em cartaz nos cinemas. O parlamentar, que também enviará a solicitação à Mesa da Câmara, expressou sua revolta com a comédia — não recomendada para menores de 16 anos — depois de assistir ao filme com o filho de 11 anos. Depois de publicar no Twitter que queria ver o filme censurado, o caso ganhou repercussão nas redes sociais.
Queiroz propôs a campanha #foraFilmeTED e disse que acionaria “os meios legais” para “impedir que o lixo do filme infantojuvenil Ted seja exibido nacionalmente e apurar responsabilidades”. No entanto, o deputado garante que não era intenção dele promover a censura do filme. “Foi uma manifestação de indignação, me surpreendi com as proporções que tomou”.
No centro da polêmica está um ursinho de pelúcia que bebe, fuma maconha, participa de cenas de sexo e fala muitos palavrões. O parlamentar acredita que a classificação indicativa deveria desaconselhar o filme para menores de 18 anos. “Ted consome drogas e participa de orgias. Há cenas depreciativas em relação à mulher, envolvendo o personagem. Isso não é adequado para adolescentes, muito menos para crianças", declarou, apesar de ter levado o filho de 11 anos.
O deputado se justificou dizendo que o material de divulgação do longa-metragem não deixa claro o conteúdo adulto do filme. "Analisei o cartaz, a sinopse e o texto não explica nada. Até incentiva crianças a assistir quando fala que o ursinho de estimação ganhou vida por um desejo que o personagem teve na infância", argumenta o deputado. Para ele, o título também deveria ser revisto por não evidenciar o comportamento "irresponsável" do protagonista. Por isso, levou o filho ao cinema, mesmo sabendo que a classificação indicativa do filme não recomenda a exibição para menores de 16 anos. "É como se eu fosse assistir Branca de Neve e os sete anões e a Branca de Neve fosse uma prostituta".
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também na polêmica também. Disse ontem que a censura é proibida no Brasil e que não cabe ao Ministério da Justiça fazer qualquer tipo de intervenção referente à exibição de Ted. “A Constituição Federal garante a liberdade plena dos cidadãos e, portanto, não cabe ao Ministério da Justiça censurar nada. Nosso papel é apenas fazer a classificação indicativa de todo conteúdo vinculado nos cinemas e na televisão”, explicou Cardozo.
A classificação indicativa de filmes e programas de televisão é feita por um órgão da Secretaria Nacional de Justiça, ligada ao ministério. "A análise sobre a indicação de idade é feita com base em critérios muito objetivos que foram discutidos com a sociedade. Há parâmetros que são analisados por técnicos competentes", explicou o ministro. Segundo ele, qualquer pessoa que se sentir desconfortável com a classificação determinada poderá apresentar ao órgão um requerimento pedindo a revisão da faixa etária sugerida.