A televisão brasileira vive um fim de semana acabrunhado e sem graça. É que a dona da gargalhada mais aconchegante da telinha, que conquistou o carinho de famosos e anônimos, partiu, deixando tristes os milhares de fãs. Eterna rainha da telinha e amiga íntima de milhões de brasileiros há seis décadas, a apresentadora Hebe Camargo morreu aos 83 anos, na madrugada de ontem, em sua casa no Morumbi, em São Paulo, depois de uma parada cardíaca. O velório começou ontem à noite no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. O sepultamento está marcado para as 9h30 de hoje, no Cemitério Gethsemani, na capital paulista.
Hebe fazia tratamento contra um câncer, diagnosticado no peritônio (membrana que reveste a cavidade abdominal), desde janeiro de 2010. Em março, passou por uma cirurgia de emergência para a retirada de um tumor que causava obstrução intestinal. Mês passado, suspeitas de anemia e desconforto abdominal provocaram a internação de Hebe durante 13 dias no Hospital Albert Einstein.
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Como personalidade nunca lhe faltou, Hebe Camargo alegou estar doente só para não cantar o que considerava ser muito ruim. Preferiu um encontro amoroso e passou a tarefa para a amiga Lolita Rodrigues.
A primeira aparição na telinha foi no programa Rancho alegre (1950), em dueto com o cantor Ivon Curi. Em 1955, inicia a carreira no posto que para sempre será lembrada, como apresentadora. Hebe Camargo comandou o primeiro programa feminino da TV brasileira, O mundo é das mulheres. Naquela época, ainda era morena. Os cabelos foram tingidos de louro em 1957 e nunca mais mudaram de cor. Foi contratada pela TV Continental em 1960 e em 10 de abril de 1966 estreou, na TV Record de São Paulo, o programa dominical que a consagrou como entrevistadora e líder de audiência.
Hebe Camargo passou por quase todas as emissoras de TV do Brasil, com exceção da Globo, da qual recebeu homenagem no ano passado. Nunca escondeu o carinho especial que nutria pelo SBT, emissora que a manteve no ar entre 1986 e 2010. Na quinta-feira, a apresentadora havia assinado o contrato que marcaria seu retorno ao time de Sílvio Santos. “Meus lindos, nem acredito. Estou de volta ao SBT, meu coração está disparado! Feliz, feliz, feliz, feliz!!!!”, registrou no último post de seu perfil no Twitter. Hebe abandonaria a Rede TV, depois de período conturbado.
A estreia no SBT foi em 4 de março de 1986. Durante sete anos foi a atração das noites de terça-feira. Fez do sofá símbolo nacional e do selinho marca registrada. Aliás, marcas registradas nunca lhe faltaram. O que dizer sobre o bordão “Que gracinha”? E mais: quem nunca quis se sentar no sofá da Hebe?. Praticamente todos os artistas e personalidades do país dividiram alegres momentos com ela. Sim, porque com aquela risada marcante não havia alternativa senão conversas leves, descontraídas, independentemente de quem estivesse à frente dela.
VERSÁTIL Também não havia fronteiras para a comunicação. Como jogo de cintura nunca lhe faltou, Hebe entrevistava com a mesma desenvoltura em qualquer idioma, mesmo sem dominar o vocabulário. Júlio Iglésias, Laura Pausini, Gloria Stefan, Shakira, Jackson Five, entre outros, são estrelas internacionais que estiveram mais de uma vez em seu programa. Sua despedida do SBT foi em 31 de dezembro de 2010, quando leu uma carta de próprio punho informando o fim do contrato depois de 24 anos. Hebe foi para a Rede TV! para receber R$ 500 mil por mês e mais 50% de merchandising. Não parece ter recebido o tratamento que esperava. O novo programa estreou em março de 2011 e ficou no ar até 25 de setembro. Dois dias depois, comemorou o retorno ao SBT.
Relembre a participação de Hebe no especial "Elas cantam Roberto":