Jornal Estado de Minas

Alcoolismo afeta 12% da população e dependência atinge 22,8 milhões

Correio Braziliense
"Não é fácil parar de beber, mas posso dizer que existe vida após o álcool. Se tenho vontade de beber? Já tive nesses últimos dois anos. Mas para que arriscar?", Patrícia Rebelo dos Santos - Foto: Patrícia Rebelo SantosMuito além da ansiedade, vergonha e impotência. No enredo do alcoolismo, que acomete 12% da população brasileira, o pior obstáculo é a negação. O caso do jogador Adriano, que de tão aclamado quando goleava pela Internazionale de Milão ganhou o apelido de Imperador, tem repercutido no país do futebol. Com trajetória marcada tanto pela habilidade nos gramados quanto por confusões e noitadas, o atacante reacendeu as suspeitas sobre seus problemas com o álcool — externados publicamente por pessoas próximas — ao faltar aos treinos no Flamengo no último fim de semana. Os cerca de 40 milhões de torcedores do time se dividem entre classificar Adriano de irresponsável, exigindo sua expulsão, e defender que o jogador seja ajudado. Ao que tudo indica longe do fim, o drama do rapaz de 30 anos traz à tona a endemia do alcoolismo que devasta o país.
Dados recentes do Ministério da Saúde apontam que, de cada 20 brasileiros com mais de 18 anos, pelo menos três fazem uso abusivo do álcool. Ou seja, bebem, numa mesma ocasião, quatro ou mais doses (no caso de mulheres) e cinco ou mais doses (para homens). Pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com financiamento da Presidência da República constatou que 12% da população tem dependência da substância. São 22,8 milhões de pessoas — quase dez vezes a quantidade de moradores do Distrito Federal.

"Só por hoje"

O “só por hoje” é aplicado pela empresária Patrícia Rebelo dos Santos há dois anos e dois meses. Ela fez parte dos 2% das mulheres brasileiras adultas que bebem diariamente. “Quando voltava para casa de madrugada, ainda comprava seis latinhas de cerveja no mercado. No dia em que comprei sete, me dei conta de que estava doente”, lembra a carioca de 50 anos. Ter parado de beber significou, para Patrícia, a preservação da vida. “Eu estava prestar a morrer e a matar alguém, porque simplesmente não me lembrava como tinha voltado dos lugares dirigindo.”