As regiões com maior proporção de famílias que dividem a mesma casa são também as mais pobres do País, Norte (23,1%) e Nordeste (17,6%). Também são as regiões que têm famílias maiores.
Embora o Censo não indique as razões para as famílias se agruparem, fatores financeiros são decisivos: um quinto (21,8%) das chamadas famílias secundárias (que vivem como "agregadas" de uma família responsável) não têm qualquer tipo de renda.
O tipo de família secundária mais comum é formada por mulheres sozinhas com um ou mais filhos. Segundo os técnicos do IBGE, em geral são mães solteiras que nunca deixaram as casas dos pais ou mulheres que voltam à antiga moradia depois de se separarem dos companheiros. Nos dois casos, elas formam uma segunda família que vive com a família "principal".
"Pode ser que algumas situações sejam temporárias, mas é o que foi captado pelo IBGE no momento da coleta dos dados do Censo", diz a técnica Ana Lúcia Saboia.
O IBGE registrou 4 milhões de famílias "principais" que dividem os domicílios com 4,3 milhões de famílias "secundárias". "Há casos em que as famílias dividem o domicílio por vontade própria e não entram no cálculo do déficit habitacional. Há famílias de alta renda que escolhem morar juntas. As famílias que dividem o domicílio porque não têm condições de viver em moradias separadas entram no cálculo do déficit", diz o técnico Gilson Gonçalves de Matos.