O Rio terá um Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde, o Sautec, dedicado a pesquisas com células-tronco, doenças cerebrais, como Alzheimer e Parkinson, e medicina esportiva de alto desempenho. O projeto prevê investimento de R$ 42 milhões na construção do prédio, e outros R$ 30 milhões para a compra de equipamentos. A previsão é de que o Sautec seja licitado até o fim do ano e inaugurado em 2014.
"Há um abismo entre a bancada de pesquisa e o leito hospitalar. Conhecemos a doença de Alzheimer, mas não temos medicamentos novos, terapias celulares. É nisso que queremos inovar", justifica o secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes.
O Sautec foi desenhado com base em uma ideia do neuropsiquiatra Jorge Alberto Costa e Silva, cientista sênior da Universidade de Nova York e ex-diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ele propôs ao governo do Rio a criação de um instituto de estudos do cérebro.
Foram três anos de reuniões e sugestões. Segundo Costa e Silva, "o modelo de estudos do cérebro é inspirado no dos institutos de Paris e de Hannover. O laboratório de células-tronco é o mesmo do NIH (agência norte-americana de saúde)."
O Sautec funcionará num prédio de sete andares, junto ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), na zona portuária. Divididos em 8 mil m², ficarão os setores de estudos da mente, laboratório de terapia celular e centro de imagem - que terá o único equipamento de ressonância magnética de 7 tesla do Hemisfério Sul, que permite imagens do cérebro em funcionamento diante de estímulos.
Haverá também o Laboratório da Marcha, que buscará soluções para atletas de alta performance e investigar como melhorar o caminhar de pacientes com paralisia cerebral, por exemplo. O centro terá programas de mestrado e doutorado.
O Sautec será usado por pesquisadores de diferentes instituições que terão à disposição secretárias e equipe de consultoria para relatórios de prestação de contas. Os interessados submeterão projetos de pesquisa a uma comissão. As despesas para utilizar as instalações serão rateadas pelos projetos que tiverem financiamento de agências de fomento. O governo alugará o espaço para pesquisas da indústria farmacêutica. O processo será coordenado pelo Instituto Vital Brazil, estatal. Depois de pronto, o governo deve investir R$ 2 milhões por mês no instituto.
Verbas. Ligia Bahia, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), defende que os investimentos em pesquisas venham do Ministério de Ciência e Tecnologia, com o fortalecimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio (Faperj). "É importante investir em ciência, mas sem diluir as verbas da saúde, que devem ter outro destino", afirma.
Já o médico Amâncio Paulino de Carvalho, professor de Saúde Coletiva da UFRJ, não vê contradição no fato de a Secretaria de Saúde investir em pesquisa. Para ele, os problemas do setor no Rio não são de verba, mas de gestão.