Brasília – Muito emocionada, a lavradora Silvânia Mota da Silva, mãe de cinco crianças levadas irregularmente para adoção no município baiano de Monte Santo, disse ontem, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, que só foi informada da perda da guarda dos filhos e da entrega deles a outras famílias quando representantes do conselho tutelar tiraram dela as crianças. O juiz substituto da Vara Criminal da Comarca de Monte Santo, Luiz Roberto Cappio Guedes Pereira, informou que anunciará, até o início de dezembro, sua decisão sobre o caso . De acordo com o juiz, há irregularidades no processo, mas antes de decidir é preciso ouvir todas as partes, inclusive as crianças.
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Secretaria aponta irregularidades em processo de adoção de crianças baianasCNJ manda que a Justiça baiana apure suspeita de tráfico na adoção de irmãosConselho Nacional de Justiça investiga suspeita de adoção ilegal na Bahia“No dia 1º de junho – de 2010 –, eu estava em casa e, quando abri a porta, chegaram carros do conselho tutelar. Eles entraram na minha casa e informaram que iam buscar meus filhos porque o juiz tinha autorizado a guarda provisória. Foram à casa do pai deles. Meu filho fugiu e chegou em casa correndo, pedindo para que eu o escondesse.”
Para a advogada Isabela da Costa Oliveira, a Rede de Proteção da Criança e do Adolescente de Monte Santo cometeu falhas em série: apesar de tudo indicar que o processo de adoção tinha ocorrido de maneira ilegal, a denúncia do Cedeca não foi acatada pelo Ministério Público nem pela Justiça da Bahia. “O mínimo que o Estado brasileiro tem de fazer é providenciar o retorno dessas crianças”, disse Isabela.
A advogada ressaltou que é preciso pressionar para que as cinco crianças voltem para a família, de forma saudável. Na opinião de Isabela, se não fosse a articulação dos movimentos sociais e a divulgação do caso, tudo poderia cair no esquecimento. “Sabemos que no Estatuto da Criança e do Adolescente existe o princípio do melhor interesse da criança, mas esse princípio não permite que o Estado ignore a cidadania dos pais. A cidadania desses pais foi espezinhada”, argumentou Isabela.