A presidente Dilma Rousseff entrou em contato na tarde desta quinta-feira por telefone com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para acertar uma ação conjunta no enfrentamento da criminalidade. A aproximação de Dilma também serve para apagar o incêndio provocado pelo bate-boca entre autoridades das esferas federal e estadual.
O objetivo do Palácio do Planalto é montar um grupo de trabalho com o Palácio dos Bandeirantes - o governo federal será representado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, encarregado de manter o diálogo com as autoridades designadas pelo governo de São Paulo. Uma reunião envolvendo representantes dos dois lados deverá ocorrer no início da próxima semana, segundo informou a ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas. Durante o telefonema, Alckmin e Dilma não entraram em detalhes sobre as possíveis formas de colaboração.
A questão é aliar inteligência, levar as forças federais e buscar as Forças Armadas em uma ocupação de Paraisópolis", disse Regina. Já o secretário de segurança pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, considerou a proposta "oportunismo barato" e "provocação".
Segundo Pinto, o Palácio do Planalto quer superdimensionar o cenário de São Paulo para "desconstruir a segurança pública" do Estado. Nos últimos dias, os casos de homicídio em São Paulo se tornaram alvo de controvérsia entre Cardozo e o secretário. "Aqui a polícia entra em qualquer lugar. Aqui não precisa de unidade pacificadora. Aqui não há necessidade de Exército, Marinha e Aeronáutica para garantir eleição, porque a polícia é autossuficiente", disse Pinto. Autoridades paulistas também atribuem a escalada da violência a uma falta de fiscalização nas fronteiras.
Cardozo, por sua vez, disse já ter oferecido ajuda ao governo estadual. Em nota, o Ministério da Justiça alegou que em "diversas oportunidades o governo federal ofereceu apoio ao governo do Estado de São Paulo" e classifica como "inaceitável" e "inverídica" a "afirmação de que a elevação da violência em São Paulo deriva do descontrole nas fronteiras". Cardozo reiterou a oferta de vagas nos presídios federais de segurança máxima para isolar os líderes do PCC. De acordo com a ministra Helena Chagas, "a presidente Dilma Rousseff não participa dessa troca de versões".