A babá Mauriceia José Gonçalves, de 42 anos, afirmou nesta quarta-feira, em novo depoimento à Polícia Civil, que Elize Araújo Kitano Matsunaga comprou uma serra elétrica horas antes de matar e esquartejar o marido, o executivo da Yoki Marcos Kitano Matsunaga. Segundo o advogado de acusação, Luiz Flávio D’Urso, é mais uma prova de que o crime foi premeditado.
Mauriceia contou que acompanhou Elize e a filha dela até o interior do Paraná na semana do crime. Quando seguiam para o Aeroporto de Cascavel, já na volta para São Paulo, no dia 19 de maio, a mulher de Matsunaga parou em uma loja de ferragens no centro da cidade para comprar uma pequena serra elétrica.
No apartamento onde o casal vivia, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, a babá teria tirado a serra da mala e deixado sobre a cama de Elize e Matsunaga. No depoimento, que durou cerca de 1h30, a babá disse que a família já tinha outra serra guardada no armário de ferramentas.
A babá havia contado esse detalhe apenas para a família da vítima. Segundo D’Urso, ela estava receosa, porque vivia com a tia de Elize no apartamento onde os fatos aconteceram, para cuidar da filha do casal. Como os pais do empresário conseguiram a guarda, Mauriceia passou a morar e trabalhar na casa da família da vítima e se sentiu segura. D’Urso disse também que ela chegou a revelar esse detalhe ao pai do executivo dois dias antes do depoimento.
"Esse é mais um elemento importante para afastar a versão da defesa de que ela (Elize), naquele momento da discussão, perdeu a cabeça, deu um tiro e depois esquartejou o marido. Na verdade, o que se desenha de forma muito clara é que esse crime foi preparado minuciosamente, a ponto de comprar uma segunda serra elétrica", disse o advogado de acusação. "Tudo indica que ela pretendia esquartejá-lo depois de matá-lo", afirmou.
Em outubro, o promotor José Carlos Cosenzo determinou a abertura de um novo inquérito para apurar se Elize agiu sozinha. Por isso, a babá foi ouvida de novo no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.
Defesa
O advogado de Elize, Luciano Santoro, afirmou nesta quarta-feira, achar estranho esse novo depoimento. "Surpreende essa informação, porque em nenhum momento ela falou disso anteriormente. Causa estranheza, ainda mais por estar trabalhando diretamente para os pais da vítima agora."
Santoro afirmou também que as investigações deveriam estar suspensas. "Existe uma determinação da Justiça para que não tivesse esse tipo de investigação até o julgamento do habeas corpus", disse.
O defensor de Elize explicou também que, no dia da perícia, foi encontrada uma serra elétrica no apartamento onde o casal vivia. Segundo ele, os peritos não acharam vestígio de sangue no equipamento.