Depois do confronto da quarta, dezessete índios ficaram detidos e passaram a noite no Batalhão da Polícia Militar de Alta Floresta. Na manhã desta quinta foram levados para a cidade de Sinop, onde tem a delegacia mais próxima da PF, para prestar depoimento ao delegado federal Antônio Carlos Moriel Sanchez, responsável pela a ação e que levou a flechada de raspão no momento do conflito. Segundo o pai do índio morto, teria sido este delegado que atirou em seu filho.
O coordenador da Funai em Alta Floresta, Clóvis Nunes, contou que o "pai viu no momento em que o filho foi atingido por disparos de arma de fogo quando estava no Rio Teles Pires e sumiu". O corpo foi encontrado boiando nas águas do Teles Pires pelos próprios Munduruku no fim da manhã desta quinta. Em nota, a PF diz que na quarta, após ação no rio Teles Pires - área de preservação ambiental - para combater crimes de sonegação fiscal e exploração ilegal de ouro em terras indígenas, "houve conflito entres policiais e indígenas, que tentavam impedir a continuidade da operação na terra indígena Kayabi".
Segundo a assessoria da PF, índios da etnia Munduruku teriam sido incentivados, por caciques envolvidos na extração ilegal de ouro, a reagir e enfrentar a equipe de federais que destruíam balsas e dragas usadas por garimpeiros nas ações ilegais. Um índio da etnia Kayabi informou que "uma equipe de policiais fortemente armados teria chegado à aldeia provocando confusão na manhã da quarta-feira". Na operação, os policiais usavam helicóptero e lanchas.