Nos últimos dois dias, a Região Metropolitana de Florianópolis e a cidade de Blumenau sofreram ataques semelhantes aos que vêm afligindo São Paulo há um mês. Os alvos dos bandidos foram agentes de segurança e ônibus urbanos. Dois carros, um da Polícia Civil e outro particular, de um policial militar, foram incendiados na capital catarinense, além de dois ônibus. Uma base da Polícia Militar também foi alvo de tiros.
Para a Secretaria de Segurança Pública do estado, é possível que as ocorrências sejam uma “imitação” dos atentados que vêm ocorrendo em São Paulo. De acordo com a polícia, o primeiro ataque aconteceu por volta das 16h30 de segunda-feira, quando criminosos tentaram atear fogo em um ônibus no Bairro Saco dos Limões.
Às 22h, um carro da Polícia Civil foi queimado em frente à 2ª Delegacia de Polícia, no mesmo bairro. Os policiais relatam que bandidos passaram de carro e jogaram um pano molhado com combustível dentro do veículo, que estava com as janelas abertas. O fogo foi contido pelos próprios agentes, com extintores.
Na Praia de Canasvieiras, Região Norte da cidade, dois ônibus foram incendiados em um intervalo de duas horas. Na primeira ocorrência, às 22h, bandidos invadiram o coletivo, ordenaram que os passageiros desembarcassem e atearam fogo no veículo. À meia-noite, um ônibus que entrava na garagem na empresa de transporte foi atacado. Ainda em Canasvieiras, o carro particular de um policial militar, que estava na garagem de um condomínio, também foi incendiado.
Por volta das 2h, uma base da Polícia Militar foi alvo de disparos em Palhoça, cidade da Grande Florianópolis. Os criminosos passaram pelo local atirando. Em Blumenau, a 160 quilômetros da capital, um ônibus foi incendiado no Bairro Ponta Aguda, às 22h30 de segunda-feira. Na manhã de ontem, a guarita do presídio regional do município também foi alvo de tiros. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, dois homens foram presos em flagrante e confessaram o crime. Alessander Ricardo Coreia de Oliveira, de 26 anos, e Claudinei Machado, de 19, disseram que foram coagidos por traficantes a participar do ataque, por conta de dívidas de drogas.
A Secretaria de Segurança Pública não confirma se há relação entre as ocorrências ou se foram ações de alguma facção criminosa. Em coletiva na tarde de ontem, o secretário César Augusto Grubba anunciou o reforço no policiamento e ação conjunta de unidades especiais das polícias Militar e Civil em áreas críticas. “Reconhecemos que pode haver ações típicas do crime organizado com origem no sistema prisional. No entanto, sabemos que muitas dessas ações são praticadas por indivíduos e grupos que se aproveitam desse contexto para interesses próprios.” O secretário descartou pedir ajuda do governo federal para reforçar a segurança.
Existe a suspeita de que os atos estejam relacionados ao assassinato de agentes de segurança que vêm ocorrendo nos últimos 15 dias no estado. No fim de outubro, a agente prisional Deise Fernanda Melo Pereira, de 30, mulher do diretor da Penitenciária de Segurança Máxima de São Pedro de Alcântara, foi assassinada quando chegava em casa. A Secretaria de Segurança Pública, no entanto, ainda não encontrou ligações entre as ocorrências.
São Paulo
Um ônibus de turismo foi incendiado na Avenida Norberto Brás, na região do Bairro Bela Vista, em Guarulhos, Grande São Paulo, por volta das 2h30 de ontem. O motorista estava em casa quando viu um homem se aproximar do ônibus estacionado e jogar um objeto em chamas pela janela do banheiro. Não havia passageiros dentro do coletivo. Moradores da região conseguiram apagar o fogo antes da chegada dos bombeiros. O fogo danificou o banheiro e os bancos da parte de trás do coletivo. Essa já é a quarta semana em que são registrados diversos crimes durante a noite na região metropolitana da capital paulista. Várias mortes já foram registradas provocadas por criminosos em motos ou carros. Na noite de segunda-feira ocorreram outros dois incêndios em ônibus. No último fim de semana, 31 pessoas foram mortas na região metropolitana.