A lucidez de Oscar Niemeyer tem deixado a família mais tranquila a cada dia. Há 11 dias no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, ele já se mostra inquieto com a internação. De acordo com o médico Fernando Gjorup, o estado clínico do arquiteto de 104 anos é estável e ainda exige cuidados. Ele segue em uma unidade intermediária e se submete a sessões de fisioterapia respiratória. Não há previsão de alta.
Bisneto de Oscar, o também arquiteto Carlos Niemeyer tem acompanhado a evolução do bisavô. Por telefone, ele contou ao Correio que é possível perceber o bom humor dele. “Ele disse a um amigo: ‘Renato, me tira logo daqui’ (risos). Estamos todos torcendo para isso.”
Mesmo fragilizado por um quadro de desidratação, que comprometeu as funções renais, Niemeyer não perdeu o foco nos seus projetos. Apesar da orientação para que parentes, amigos e funcionários do escritório de arquitetura evitem se alongar nas conversas com Niemeyer, o bisneto dele revelou que, na medida do possível, tenta deixá-lo a par da situação do escritório. “Com certeza alguns projetos não estão sendo tocados porque precisam da aprovação dele”.
No domingo passado, o próprio médico Fernando Gjorup informou que ele havia recebido um dos funcionários do escritório de arquitetura para discutir cálculos estruturais de um dos projeto. Ainda de acordo com o diretor-geral do hospital, em entrevista coletiva, no último domingo, a recuperação do arquiteto é satisfatória, mas ele inspira cuidados devido à idade avançada — Oscar Niemeyer completa 105 anos em 15 de dezembro.
Desde segunda-feira, o arquiteto se alimenta normalmente, mas conta com o auxílio de uma sonda gástrica para complementar a nutrição. Ele respira espontaneamente — não depende de aparelhos de ventilação mecânica —, mas mantém o trabalho de fisioterapia respiratória.