Brasília – O estado de Santa Catarina viveu nesta sexta (16) mais uma madrugada violenta, com registro de ataques em 13 cidades. Cinco ônibus foram incendiados, sendo três em São José, um em Itapema e um em Florianópolis. Três pessoas, suspeitas de envolvimento na onda de violência, morreram durante confrontos com policiais.
Desde o início dos ataques, na noite de segunda-feira (12), 25 ônibus foram incendiados, 62 pessoas foram detidas – 46 delas continuam presas –, mas nenhuma morte havia sido contabilizada.
Segundo o Centro de Comunicação da Polícia Militar do estado, uma das vítimas foi atingida no município de Itapema, no litoral norte catarinense, quando se preparava para, juntamente com outros homens, atear fogo em um ônibus. O grupo disparou contra policiais que tentavam coibir a ação. Um dos integrantes do grupo acabou baleado e não resistiu aos ferimentos.
Mais duas pessoas morreram após atirarem contra uma equipe da PM que patrulhava um loteamento em Jardim Progresso, bairro pobre da cidade de Tijucas, na Grande Florianópolis. De acordo com a corporação, os policiais revidaram aos disparos e atingiram os dois suspeitos.
Também foram registrados ataques desde a noite de ontem em Itajaí, onde uma caminhonete foi incendiada; em Camboriú, onde um grupo ateou fogo em um veículo particular; em Palhoça, que teve um ônibus apedrejado; e em Tubarão, onde homens lançaram um coquetel molotov contra o carro de um policial militar aposentado. O artefato não chegou a explodir.
O major João Batista Reis, do Centro de Comunicação da Polícia Militar, recomendou que a população mantenha sua rotina de atividades, mas redobre a atenção, principalmente, à noite. Ele lembrou que as forças de segurança estão mobilizadas para garantir a volta à normalidade em um estado que não tem histórico de violência.
“Diante do clima , recomendamos à população que continue com sua rotina, mas tenha um pouco mais de cuidado e redobre a atenção principalmente nas atividades à noite e de madrugada.
O major também destacou que, para conter a onda de violência, foi montado um gabinete de crise, com integrantes de todos os órgãos de segurança do estado. O governo trabalha em parceria com o serviço nacional de inteligência para avaliar a relação dos ataques em Santa Catarina com os que ocorreram em outros estados, como São Paulo.
A polícia investiga se facções criminosas, com integrantes dentro e fora dos presídios, estão coordenando os ataques e não descarta a possibilidade de que as ações sejam represália ao acirramento do combate ao tráfico de drogas e às medidas recentes implementadas nos presídios catarinenses, como a redução de regalias e o aumento de ações de ressocialização.
Na tarde de quarta-feira (14) foi confirmado o afastamento, por 30 dias, do diretor da penitenciária de São Pedro de Alcântara, Carlos Alves. O pedido foi feito pelo próprio diretor. No fim de outubro, a esposa dele, que era agente penitenciária, foi assassinada e as autoridades investigam se o crime foi um ato de retaliação dos criminosos.
A polícia avalia ainda a possibilidade de que oportunistas estejam aproveitando a situação dos últimos dias para praticar atos de vandalismo..