A Prefeitura de São Paulo e o Ministério das Relações Exteriores lançaram na terça-feira (20) à noite em Paris uma ofensiva para defender a candidatura da capital paulista para a sede da Exposição Universal de 2020 (Expo 2020). O evento, organizado pelo Escritório Internacional de Exposições (BIE) sem periodicidade fixa, corresponde a uma Copa do Mundo para as cidades, que o utilizam como vitrine mundial de negócios e turismo.
As apresentações das cinco cidades candidatas a receber a mostra acontecerá amanhã, quando o BIE realiza em Paris sua 152.ª assembleia-geral. Além de São Paulo, estão no páreo Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Izmir, na Turquia, Iekaterinburgo, na Rússia, e Ayutthaya, na Tailândia. As metrópoles árabe e turca são consideradas os adversários a serem batidos pela candidatura paulista no concurso, que se estende até 2014.
Para fazer frente à concorrência, São Paulo tentou uma demonstração de força na capital francesa. Em um coquetel, a embaixada reuniu empresários brasileiros e estrangeiros, além do ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, do atual prefeito, Gilberto Kassab, do eleito, Fernando Haddad, e do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
O governador Geraldo Alckmin era esperado, mas cancelou sua participação por causa da onda de violência. Há um ano, quando do lançamento da candidatura à Expo 2020, o vice-presidente, Michel Temer, havia sido o convidado de honra.
O objetivo da mobilização política é demonstrar aos jurados do BIE o apoio das diferentes esferas de poder no Brasil - Município, Estado e União, além da sociedade civil e do meio empresarial - em favor da candidatura de São Paulo, o que em tese demonstra apoio para financiar e organizar o evento.
Na quinta-feira (22), os líderes políticos vão reforçar a apresentação técnica, que defenderá o lema Força da diversidade, harmonia para o crescimento. A equipe brasileira terá 20 minutos e vai alternar discursos políticos com filmes institucionais e promocionais.
A apresentação terá início com um vídeo de três minutos sobre o tema. A seguir, discursarão Kassad, Haddad e Patriota. Alckmin falará na sequência em um vídeo gravado. Um outro filme publicitário enviará a mensagem final.
Como no lançamento da candidatura, em 2011, o comitê organizador vai centrar seus argumentos na ideia de que São Paulo é uma “encruzilhada de civilizações”, segundo a expressão usada por Patriota. A ideia é afirmar a cidade como um centro urbano internacional, onde convivem diferentes raças, etnias, religiões e línguas. Além disso, a candidatura paulista recupera o mote da campanha feita pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) quando da escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
“A exposição nunca ocorreu em um país latino-americano”, argumentou Patriota. “Além disso, São Paulo pode ser considerada uma síntese do século 21: é a maior cidade da América Latina e do Hemisfério Sul, reúne desenvolvimento econômico, centro financeiro, progresso científico, acadêmico, intelectual. Temos um grande apelo”, garantiu.
Onda de violência
Para bater rivais de peso, São Paulo também precisará enfrentar a repercussão internacional negativa causada pela onda de violência na cidade. “Tudo é importante em uma candidatura e não se pode menosprezar nada”, disse Kassab, minimizando a fragilidade: “A violência é um problema circunstancial”.
Haddad repetiu o discurso do atual prefeito. “Estou convencido de que essa onda de violência vai passar com a ação enérgica do Estado”, afirmou. “É um estímulo para enfrentarmos o problema e melhorarmos os índices de qualidade de vida.”