Delegados e coronéis ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo disseram, na quinta-feira (22), que os principais desafios para o novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, são recuperar o controle da Polícia Militar para o combate da onda de assassinatos nos bairros da periferia da Grande São Paulo e aumentar o índice de esclarecimento de crimes pela Polícia Civil, como instrumento de combate ao crime organizado. “Essa crise é um problema que envolve principalmente a PM”, disse um delegado de classe especial que dirige uma seccional na Grande São Paulo.
Os coronéis foram muito críticos em relação à gestão do atual comandante-geral da PM, Roberval Ferreira França, por causa de seu estilo de comando, considerado imperial por muitos deles. “Se ele conversar cinco minutos com você, vai tentar mostrar que sabe mais de jornalismo do que você”, disse um coronel. Outro oficial afirmou que França tem um perfil técnico, que seria muito mais útil à corporação em um cargo ligado à área de tecnologia. “Foi por suas qualidades técnicas que eu o promovi”, disse o ex-comandante-geral Álvaro Camilo.
Cotados
A formação da equipe de Grella também será fundamental para definir o futuro da segurança em São Paulo. O procurador de Justiça Antônio Carlos da Ponte deve fazer parte do grupo. Ele vai ocupar o cargo de secretário adjunto.
O nome do procurador ainda não foi anunciado oficialmente por Grella, mas o procurador-geral, Márcio Elias Rosa, já concordou com sua liberação da instituição - Ponte é um de seus assessores diretos. Falta ainda definir quem será o chefe de gabinete de Grella e quem deve comandar as Polícias Civil e Militar.
O nome mais cotado para assumir a PM é o do atual secretário-chefe da Casa Militar, coronel Benedito Roberto Meira. O coronel Meira é homem próximo do presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias - ambos fizeram carreira na cidade de Bauru, no interior paulista. Meira era capitão quando prendeu pessoalmente, em 1999, o então prefeito de Bauru Antônio Izzo Filho, acusado de corrupção - Tobias era então vereador na mesma cidade.
Aos colegas, sempre defendeu que a Polícia Militar priorize as apreensões de armas de fogo e armas brancas, além da captura de foragidos e prisões em flagrante. Seu nome - muito citado no Palácio dos Bandeirantes - seria uma aposta para pacificar os coronéis. A desmotivação dos coronéis seria uma das razões por trás do descontrole da tropa e do aumento da criminalidade.