Retratos de famílias se tornam símbolos da brutalidade da repressão da ditadura militar no trabalho do fotógrafo argentino Gustavo Germano. Na exposição Ausências Brasil, Germano tem como ponto de partida as fotos de vítimas do regime juntamente com seus parentes. As cenas são, então, refeitas no presente, deixando óbvia a perda da família.
O projeto percorreu as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste para reunir as fotografias das 12 famílias que estão representadas na exposição que abre na próxima sexta-feira (7) na capital paulista. A mostra ficará no Arquivo Público do Estado de São Paulo, zona norte.
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A primeira dificuldade foi encontrar fotos de família onde apenas a vítima da ditadura não estivesse mais viva. Com o aumento da perseguição aos opositores do regime, os militantes passaram a evitar registros que os vinculassem a pessoas queridas. “A partir de 68, com o extremo cuidado que eles tinham com os parentes, eles passaram a evitar o envio de fotos e cartas, qualquer referência”, ressalta Piccoli.
A transformação das cidades ao longo do tempo também limitou as fotografias que pudessem ser selecionadas.
O resultado é um conjunto de fotos com força educativa e apelo emocional, na opinião do coordenador do Projeto Direito à Memória e à Verdade da SDH, Gilney Viana. “As fotos têm uma carga afetiva brutal. Então, desindividualiza aquele sofrimento, torna uma coisa coletiva”, disse.
Além disso, as fotos são mais uma forma de homenagear as pessoas que se opuseram à ditadura militar e, por isso, foram assassinados ou desapareceram. “Diz respeito à memória daqueles que se sacrificaram na luta pela democracia, por seus ideais”, ressalta Viana, lembrando que, agora que a Comissão da Verdade foi instalada, é um bom momento para que essas questões voltem a ser levantadas..