O Ministério Público Federal deflagra nesta segunda-feira uma ofensiva contra a crise na saúde indígena no País. Uma série de ações judiciais serão propostas ao longo do dia exigindo a adoção de medidas para tentar solucionar problemas como falta de medicamentos, ausência de água potável e transporte adequado para pacientes que vivem nas comunidades.
Além de pedidos locais, a Procuradoria Geral da Republica deverá apresentar duas ações contra a União. Uma delas pedindo o atendimento aos índios que vivem em terras em processo de demarcação e outra, garantindo o acesso da população indígena a serviços de saúde de média e alta complexidade.
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Situação de índios em Mato Grosso do Sul é "alarmante", diz procuradoraJustiça Federal determina à União fornecimento de água potável a indígenasGoverno quer reduzir doenças evitáveis que ainda causam mortes na população indígenaPopulação indígena no país cresceu 205% em duas décadasA responsabilidade pela coordenação da saúde indígena foi transferida em 2010 da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para uma secretaria criada especialmente para esse fim, vinculada ao Ministério da Saúde. A ideia era integrar o setor ao Sistema Único de Saúde (SUS), garantir autonomia dos distritos sanitários indígenas.
A comunidade indígena aprovou a iniciativa.
Segundo os procuradores, faltam médicos, enfermeiros, remédios, caixões; e as ações existentes são padronizadas, descoladas das características regionais. “A única coisa que foi feita até agora foi dar CNPJ para os distritos sanitários, para que eles funcionassem como unidades gestoras. No entanto, não têm servidores e as equipes médicas são contratadas por convênios com ONGs”, completa a vice-procuradora. Também há indícios de indicações políticas para as chefias dos distritos.
Déficit
Dados do Censo de 2010 indicam que os domicílios indígenas apresentam os maiores déficits em esgotamento sanitário. Em apenas 2,2% das terras indígenas todas as residências estavam ligadas à rede de esgoto ou fluvial.
Pela legislação, o governo deveria instalar postos de saúde em todas as 4.750 aldeias do País, mas a Secretaria de Saúde Indígena só criou 717. O Ministério Público Federal também questiona a falta de estudos e levantamentos epidemiológicos. “Tem índio hoje tomando ansiolítico”, critica Deborah.
Responsável por uma área que abrange 21 municípios no Oeste do Pará, o procurador Felipe Almeida Leite aponta para um problema grave na formação dos profissionais em atuação no campo. Ele cita uma recente queixa de falta de medicamentos. “A análise mostrou que remédios equivalentes estavam lá. Mas profissionais não sabiam que a indicação era a mesma.”
Problemas de logística também são corriqueiros. Centros de saúde indígena estavam sem balanças para pesagem de crianças. “Os aparelhos já haviam sido adquiridos.
“O argumento de que os problemas são reflexo da transição não pode mais ser usado. Dois anos é tempo razoável para que situação fosse resolvida, pelo menos em parte”, diz a procuradora da República em Imperatriz (MA), Natália Lourenço Soares
Segundo o Ministério da Saúde, até 2015 serão realizados quatro concursos para substituir 12,9 mil profissionais atualmente contratados por convênios..