Jornal Estado de Minas

Elize Matsunaga ligou para a polícia dias antes de matar o marido


Uma gravação de telefonema divulgada pela polícia de São Paulo mostra que a advogada Elize Matsunaga ligou para a emergência policial alguns dias antes de assassinar o marido, o diretor-executivo da indústria de alimentos Yoki, Marcos Matsunaga. No áudio, é possível ouvir a voz de Elize que chega a registrar um boletim de ocorrência, alegando sofrer ameaças do marido.

Assim que é atendida, Elize diz: "Eu não sei se eu teria que ligar na emergência, mas é assim: meu marido me ameaçou, saiu de casa. E eu queria perguntar se eu posso trocar a fechadura". O atendente pede que ela repita a pergunta e, em seguida, questiona há quantos anos os dois são casados. “Há cinco anos”, ela responde e logo é informada de que o marido tem direito de entrar na casa. “Mesmo me ameaçando?”, questiona. O atendente diz que não sabe o que está acontecendo na casa e pergunta se Elize deseja fazer um boletim de ocorrência e ela concorda.

Para o promotor do caso, José Carlos Consenzo, essa é mais uma estratégia da defesa de Elize Matsunaga para tentar diminuir a pena da ré confessa. “Ela tem conhecimento jurídico e faz uma pergunta que já sabia resposta.
Ficou claro que isso é parte de um crime premeditado.Essa ligação só tem um objetivo: deixar registrado para depois utilizar”, afirma o advogado.

Segundo ele, Elize foi muito bem assessorada pela polícia. Ele afirma que, depois da ligação, a polícia foi até a casa de Elize, mas não a encontrou. Ainda de acordo com o promotor, a polícia chegou a retornar a ligação depois da visita, mas ela não atendeu.

“A comunicação com a PM qualquer um pode fazer, mas depois disso ela não fez mais nada. No processo não há uma única prova que mostre que algum dia o Marcos tenha ameaçado ou agredido a Elize. Isso é um claro tumulto que a defesa quer fazer”, afirma.


O advogado de Elize Matsunaga, Luciano Santoro, não foi encontrado para dar esclarecimentos.

O caso

Entre 19 e 20 de maio deste ano, Elize Matsunaga matou e esquartejou o marido Marcos no apartamento onde os dois moravam, na zona oeste de São Paulo. A acusada confessou o assassinato.

Câmeras de segurança instaladas dentro dos elevadores do prédio flagraram Eliza saindo do apartamento com três malas. Segundo depoimento da própria acusada, as malas foram abandonadas na Rodovia SP-127. Dentro delas estavam as partes do corpo do marido.

A assassina confessa está detida no Presídio Feminino do Tremembé desde o dia 20 de junho. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou, em agosto, o pedido de habeas corpus a Elize. A decisão do relator do recurso, Francisco Menin, da 7ª Câmara de Direito Criminal foi aceito de forma unânime e diz que a liberdade da ré é "temerária".

(Com agências)

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