Jornal Estado de Minas

Mais de 36 mil jovens entre 12 e 18 anos poderão ser assassinados até 2016 no país

A cada mil adolescentes do País, três morrem antes de completar 19 anos. A informação é do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) referente a 2010, apresentado na manhã desta quinta-feira pelo Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A taxa - atualmente em 2,98 jovens para cada cem mil - teve um crescimento de 14% em relação a 2009 e é a maior desde o início da pesquisa, há cinco anos.

O índice permite estimar que, caso não haja alterações no cenário atual, mais de 36.700 jovens entre 12 e 18 anos serão mortos por arma de fogo até 2016. O risco é cerca de três vezes maior para adolescentes do sexo masculino, negros e moradores das periferias. De acordo com o levantamento, 45% das mortes de adolescentes no Brasil são causadas por homicídios. Na população geral, os homicídios correspondem a 5,1% das mortes.

A pesquisa foi realizada em mais de 280 municípios com mais de 100 mil habitantes. O estudo é uma parceria do Laboratório com a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República pelo Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) e pelo Observatório de Favelas, uma organização não governamental do Rio de Janeiro. Os pesquisadores analisaram dados do Ministério da Saúde e do IBGE para chegar ao índice, que demonstra o risco dos adolescentes em relação aos homicídios.

O Nordeste foi a região que registrou maior crescimento na taxa.
Entre 2005, quando foi realizada a primeira pesquisa, e 2010, o índice cresceu cerca de 60% na região. Entre as dez cidades com maior risco de homicídios entre os jovens, cinco estão na região e quatro são na Bahia. Itabuna, no sul do Estado, é a cidade com maior IHA do País, com 10,59 jovens com risco de homicídios para cada mil adolescentes.

Entre as capitais, Maceió apresentou o pior desempenho, com índice de 10,15 jovens mortos a cada cem mil. São Paulo representa o melhor desempenho, com taxa de 1,08. "Há uma transferência da violência das periferias do Sudeste para o Nordeste, não só nas regiões metropolitanas, como em Salvador e Maceió, mas em polos regionais em função do crescimento econômico e demográfico", afirmou Ignácio Cano, professor da UFRJ e um dos coordenadores do estudo..