Cinco dias após as fortes chuvas que causaram a morte de uma pessoa em Xerém, distrito de Duque de Caxias (RJ), a prefeitura estimou em R$ 30 milhões os recursos necessários para a reconstrução do distrito. O valor foi definido após uma vistoria na manhã desta segunda-feira, que contou com técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Defesa Civil, Ministério Público e Defensoria Pública. A comitiva também inspecionou as casas nas margens do rio Capivari e demoliu dez unidades que estavam ameaçadas.
Os recursos foram solicitados pelo prefeito Alexandre Cardoso (PSB) ao Ministério da Integração Nacional. Na sexta-feira (4), o ministro Fernando Bezerra esteve em Xerém para verificar os estragos causados pelas fortes chuvas da madrugada de quinta-feira. Os recursos serão destinados para reconstrução de pontes e vias, além de garantir o aluguel social das famílias desabrigadas no valor de R$ 500. A previsão é que os recursos sejam liberados em até 60 dias.
Durante todo o dia, os moradores desalojados por conta das enxurradas permaneceram nas portas de casa à espera da vistoria. Ana Paula Moreira, de 36 anos, estava emocionada ao retornar ao seu antigo endereço pela primeira vez desde a tragédia. "É uma sensação de fracasso, olhar para a casa que você construiu nesse estado". Entre os escombros de sua casa, ela só encontrou um álbum de fotos. "Espero que a indenização não caia no esquecimento. Tudo que a gente tinha era isso daqui."
Pelas ruas, a população tentava retomar a normalidade em Xerém. A falta de água é o maior problema para os moradores, que ainda trabalham na limpeza de suas casas. Cerca de 12 mil pessoas estão sem acesso à água encanada. A previsão é que o sistema seja restabelecido até o final da semana. Até lá, caminhões pipa e doações garantem o consumo mínimo aos moradores.
Por toda a cidade, ainda há muita lama e poeira. Nos postos de atendimento da prefeitura, Defesa Civil e assistência social, os moradores fazem fila para retirada de documentos e cadastro nos programas de indenização. No centro de entrega de donativos, na Praça da Mantiqueira, as vítimas da tragédia reclamam de favorecimento, desvios e desinformação.
Desde a noite da tragédia morando em um abrigo improvisado numa escola, o pedreiro Adilson Santos, de 46 anos, reclamou da estrutura, higiene e alimentação oferecida no espaço. "Está muito bagunçado. Os desabrigados é que se uniram para fazer a comida e a limpeza, pois nos primeiros dias estava muito ruim. A gente tem que se unir mesmo, pois ninguém ajuda, não."