Primeira semana de internação compulsória de dependentes tem pouco impacto
Na primeira semana em que o governo de São Paulo estimulou a retenção obrigatória de dependentes químicos, somente 18 pessoas foram encaminhadas para o tratamento, apesar da grande procura por ajuda. Especialistas criticam falta de infraestrutura
Marcada pela polêmica sobre a internação compulsória e a restrição da liberdade, a primeira semana da nova ação de combate ao crack adotada em São Paulo surpreendeu. O baixo número de retenções %u2014 18 entre voluntárias e involuntárias %u2014, a demora na disponibilização de leitos e a alta procura de pessoas em busca de tratamento para parentes indicam que o estado ainda precisa se preparar melhor. Especialistas alertam que a política de incentivo à internação não é a melhor solução para a epidemia do entorpecente e que faltam ações de acolhimento a essas famílias fragilizadas pela degradação dos dependentes químicos.
A crença na solução por meio da hospitalização causou polêmica nos primeiros dias da medida na capital paulista. Entidades de direitos humanos argumentam que a ação tem caráter de %u201Climpeza social%u201D e não preserva as pessoas como cidadãs. A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia, Clara Goldman, reforça que existem outras maneiras de tratar o dependente químico. %u201CAcreditamos em uma rede de acolhimento ao usuário capaz de mediar a relação entre a política pública e a necessidade efetiva dos que fazem uso da droga. Nossa preocupação é que essa política paulista permita a violações aos direitos%u201D, esclarece Goldman.