Jornal Estado de Minas

Incêndio em boate durante festa universitária mata 232 no Rio Grande do Sul

Aproximadamente 200 pessoas foram levadas aos hospitais da região (foto: Germano Roratto/Agencia RBS )

Dor e sofrimento de incontáveis famílias em uma cena que se repete de forma mórbida. Neste domingo, o Rio Grande do Sul amanheceu de luto com aquela que pode ser a pior tragédia da história do estado, em episódio que lembra o desastre ocorrido em Belo Horizonte, há 11 anos, no Canecão Mineiro. Novamente o endereço foi a Andradas , mas desta vez a rua gaúcha de Santa Maria, cidade com 270 mil habitantes. E assim como aconteceu na capital mineira, a irresponsabilidade de artistas e administradores da boate com o uso de sinalizadores para a promoção de um show pirotécnico em ambiente fechado é apontada como causa para a morte de jovens. Desta vez, ao invés de sete, o saldo é de 232 mortos.



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Testemunhas que estavam na Boate Kiss afirmam que o fogo começou durante o show com sinalizadores na apresentação de uma das duas bandas previstas para a noite, que era de festa universitária. O número confirmado de mortos, corrigido às 14h pelo Batalhão de Operações Especiais, é de 232 pessoas, sendo 120 homens e 112 mulheres. Informações preliminares passadas pelo Corpo de Bombeiros confirmam que durante o show da banda Gurizada Fandangueira foi usado um fogo de artifício, que incendiou parte da espuma de isolamento acústico. Embora muitas pessoas tenham se ferido com o fogo, o que provocou a maior parte das mortes foi a intoxicação causada pela inalação da fumaça tóxica que se espalhou pela boate.

Testemunhas relataram que os seguranças da casa de shows fecharam a porta principal para impedir que as pessoas saíssem sem pagar. A informação de que a porta principal foi trancada foi confirmada pelo comandante Guido Pedroso, do Corpo de Bombeiros.

Aproximadamente 200 pessoas foram levadas aos hospitais da região, que estão solicitando auxílio de profissionais para atendimento. Nesse momento, pelo menos oito pessoas estão internadas em estado gravíssimo. Segundo um segurança que trabalhava na boate no momento do incêndio, entre mil e duas mil pessoas estavam no local. A maioria adolescente.



"Os bombeiros estão fazendo o rescaldo e procurando outras vítimas. Não podemos precisar o número exato. A maior parte dessas pessoas morreu asfixiada. Elas entraram em pânico e acabaram pisoteando umas às outras. O principal fator (para as mortes) foi a asfixia. O isopor gera uma fumaça muito tóxica", afirmou o comandante geral do Bombeiros, coronel Guido de Melo.

O governador do RS, Tarso Genro, confirmou que se dirigirá a Santa Maria. "Domingo triste! Estamos tomando as medidas cabíveis e possíveis. Estarei em Santa Maria no final da manhã", escreveu o governador. A presidente Dilma Rousseff também antecipou a volta do Chile e deve chegar nesta tarde ao Rio Grande do Sul.

Ao todo, foram necessárias quatro viagens em um caminhão-baú para conseguir retirar os copros do local e levá-los até o ginásio onde será realizado o reconhecimento pelas famílias. Um dos bombeiros que trabalha no local descreveu com tristeza a cena. "O que mais dói é ver os celulares tocando insistentemente no bolso das pessoas mortas, em busa de informação", contou.




Saídas de emergência


Pessoas que conhecem a boate disseram que a saída de emergência era pequena, assim como a porta principal. Bombeiros contaram com a ajuda das pessoas que conseguiram escapar para quebrar as paredes da boate para realizar o atendimento das vítimas e resgatar os corpos.




*Com agências

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