“Quando soltaram o primeiro (grito de) ‘fogo’, saí de perto do palco. Cheguei perto dos banheiros e só consegui escapar porque me puxaram. Fui engatinhando até a saída, com pessoas passando por cima”, relatou a universitária Shelen Rossi, de 19 anos, que, apesar de ter tido alta do hospital, permanecia com irritação na garganta e nos olhos.
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Por conhecer bem a casa, onde trabalha há seis meses, o DJ Bolinha, nome de trabalho de Lucas Cauduro, logo se deslocou para a saída, mas mesmo assim foi pisoteado. Ele estava perto do vocalista da banda Gurizada Fandangueira e viu o momento em que o incêndio começou e a tentativa desesperada do próprio vocalista de apagar as chamas com um extintor. “São cenas que a gente não vai esquecer. Foi muito rápido. Em cerca de 20 segundos surgiu uma fumaça preta e deixou uma escuridão total. Eu respirei um pouco e fiquei tonto. Tentei sair e só consegui porque conhecia a casa”, conta ele.
Depoimentos
Ezequiel Real
professor de educação física
“Era um mar de gente atirada. Saí pela lateral, empurrando e pisando em muita gente. Não ouvi alarme soando, só gritos; não vi luz de saída, só fumaça. Quando saí, me passaram pela cabeça as pessoas que passei por cima e voltei para retirá-las, pois não aguentei escutar berros, ver policiais e bombeiros sem dar conta. Tinha muita gente empilhada.”
Jonathas Castilhos
um dos primeiros a deixar a boate
“Dei sorte, estava perto da saída quando vi que começou o incêndio. Mesmo assim, os seguranças trancaram porque queriam as comandas. Eles abriram, mas ficou mais ou menos um minuto e meio trancado.”
Lucas Culau
estudante do Centro Universitário Franciscano (Santa Maria)
“Quando a banda Gurizada Fandangueira começou a tocar, utilizou um sinalizador apontado para cima e na metade da música começou a pegar fogo no teto.”
Kellen Rebello
21 anos, estudante de farmácia da UFSC, de férias em Santa Maria
“Vimos a fumaça branca na casa, mas em pouquíssimo tempo começou o pior. Logo vi os corpos no chão, mas eu acreditava que aquelas pessoas ainda poderiam estar vivas.”
Fernanda Freire Gomes Bona
23 anos, fotógrafa oficial da boate
“Vi umas faíscas, mas achei que eram apenas os foguinhos da luva (do integrante da banda). Vi uma gritaria, achei que fosse alguma briga. Foi quando gritaram ‘fogo’, vi as pessoas correndo, vi a fumaça e saí correndo.”
Michele Pereira
auxiliar de escritório
“Vi muita gente sendo pisoteada no desespero para sair de lá e acabei cortando o joelho. Foi terrível, cena de filme de horror. Corpos caídos pelo chão, gente desmaiada, chorando, tentando respirar, porque a fumaça era muita.”