Mais de mil pessoas tomaram a Praça Saldanha Marinho, no Centro de Santa Maria, no final da tarde de ontem para lembrar as 231 vítimas do trágico incêndio na Boate Kiss. Jovens, adultos, idosos e crianças se aglomeraram ao redor do padre Xico, que celebrou a cerimônia, no centro da praça. Apesar das roupas brancas, os sinais de luto ainda são muito claros nos moradores da cidade de pouco mais de 261 mil habitantes. Olhos marejados estampavam o rosto de muitos e o choro era ouvido por todos os lados.
Uma salva de palmas, com mais de um minuto de duração, encerrou a cerimônia de 45 minutos por volta das 19h. “Que este triste evento sirva para nos tornar mais família, mais unidos em torno do amor. O mundo inteiro olha por Santa Maria. E isso mostra que a humanidade ainda não perdeu a sensibilidade e a capacidade de se solidarizar com os irmãos. Ainda não perdemos nossa identidade”, rezou o padre Francisco Bianchini, o padre Xico.
À noite, cerca de 10 mil pessoas participaram de caminhada em direção à Boate Kiss. Em silêncio, levaram flores, balões brancos e cartazes em memória às vítimas, com dizeres como “Fé e força” e “Queremos justiça”. Além da homenagem, os dois eventos simbolizaram a comoção e solidariedade do povo de Santa Maria, que se mobilizou para ajudar as vítimas.
No cemitério, para dar conta das centenas de sepultamentos, a noite de domingo foi de trabalho intenso para os 50 militares convocados para liberar 67 carneiras dos cemitérios municipais, como são chamados os túmulos suspensos. Em geral, as ossadas são transferidas depois de cinco anos nos jazigos, explicou a coordenadora Carla Fonseca. O ajuste foi essencial para suprir a triste demanda de ontem.