Homologada em 1965, a Terra Indígena Dourados tem 3,6 mil hectares e abriga a cerca de 14 mil índios kaiowás, ñandevas e terenas que, alegando falta de espaço, reivindicam que a União reconheça e demarque outras terras próximas que, garantem, pertenceram e eram povoadas por seus antepassados.
A suspensão da liminar que determinava a retirada dos índios da área foi pedida pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Funai. Embora a sentença da desembargadora seja de 18 de dezembro de 2012, só foi publicada no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 3ª Região no último dia 11 e só foi remetida ao MPF nessa segunda-feira (28).
“Os conflitos entre fazendeiros e não são estranhos a esta Corte. Lamentavelmente, são situações recorrentes com que esta relatora, em especial, tem se deparado”, manifesta a desembargadora em sua decisão. Segundo ela, a Funai apresentou um levantamento indicando que 126 hectares foram subtraídos da extensão total da terra indígena demarcada em 1917.
De acordo com o MPF, desde junho de 2011 as 47 famílias ocupam a área, plantando milho, mandioca e abóbora para o próprio consumo. O MPF ainda alega haver, em documentos oficiais, “fortes indícios” de que o local faz parte da Terra Indígena de Dourados, tendo sido cedida a terceiros pelo próprio Estado.
Os responsáveis pela fazenda Curral de Arame apresentaram ao tribunal cópias da matrícula de propriedade existentes no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Dourados e que indicam que eles são os legítimos proprietários da fazenda desde 1989.
“Cada parte apresentou suas razões e suas provas acerca da posse da área É fato que o decreto presidencial de 1917 criou a reserva com 3.6 mil hectares. Também é notório que no decorrer dos anos, boa parte dessa área simplesmente desapareceu do domínio dos ”, diz a desembargadora.
“O processo não pressupõe que determinadas áreas tenham sido usurpadas, mas os indícios são fortes. Não se justifica, evidentemente, a invasão indiscriminada de terras por parte dos índios, mas, a partir do momento em que os índios ficam frente a frente com a possibilidade de que uma determinada área lhes pertença, é muito difícil impedi-los de nela se estabelecerem”.