O advogado Jáder Marques, que defende o empresário Elissandro Spohr, o Kiko, um dos proprietários da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde um incêndio matou 235 pessoas na madrugada do domingo (27), rechaçou, nesta quarta-feira, a hipótese de homicídio doloso - quando há intenção de matar - para o caso, alegando que o proprietário estava no estabelecimento acompanhado de sua mulher grávida quando teve início o fogo.
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O advogado citou ainda uma vistoria da lei antifumo, que a casa teria passado sem problemas. "Ele foi fiscalizado de surpresa pela vigilância antifumo, ele passou ileso por essa vigilância", afirmou.
Questionado sobre a ausência do número mínimo de portas exigido para o funcionamento da casa, Marques disse que o proprietário havia respeitado todas as ordens dadas em vistorias anteriores. Segundo o advogado, a casa contava com duas portas. "Ele colocaria uma terceira porta se fosse solicitado. Quantas portas ele colocaria se fosse ordenado? Todas. Se a fiscalização determinasse, ele faria as portas", afirmou, ressaltando que não houve pedido para a colocação de outras portas de saída.
Sobre o uso de fogo no palco da casa noturna por integrantes da banda que se apresentava, o advogado afirmou que a banda fez a performance sem o prévio conhecimento do dono da boate. "Essa banda tocou inúmeras vezes na casa e nunca usou esse aparelho (que solta fogo). Eles não conversaram com o Kiko. A banda fez isso de surpresa. Foi para causar frisson, surpresa", alegou.
Marques negou ainda que esteja havendo uma tentativa de encobrir provas por parte dos donos do estabelecimento. Indagado sobre o suposto sumiço de câmeras após o incêndio, o advogado disse que as máquinas estavam com problemas técnicos, e que não houve a tentativa de escondê-las.