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Boate vendeu mais ingressos do que o local suportavaFumaça de incêndio de boate leva mais 23 para hospitalSócio mandava tirar extintores da paredes por causa da decoraçãoDepoimentos apontam que dono rebaixou teto de boate Kiss"Deus estipulou tempo a meus filhos", diz mãe de vítimasVítima da Kiss internada em UTI fala com pai pela 1ª vezCasas noturnas agem antes da fiscalizaçãoDo lado de fora do hospital, sentado numa mureta de concreto, um agricultor de boné passa horas olhando para o nada. Senta sempre no mesmo lugar. Só sai para fumar um cigarro no meio da rua. Falando muito baixo, responde que perdeu um irmão de 19 anos no incêndio da Boate Kiss. Diz que, agora, está sentado esperando a morte da irmã Mariza Teixeira, de 21 anos. “Os médicos foram honestos. Disseram que acreditavam que até às 18h ela poderia morrer. Só tem um 1% de chance, 1%”, repete. Ela ainda não morreu. De terça para quarta, o trabalhador rural dormiu atrás de um vaso que fica na entrada do hospital. “Não tenho como voltar para casa. Estou aqui esperando a hora. Vou ficar aqui até ela morrer.”
A dona de casa Eva Regina Antunes Diolindo, de 58 anos, é tia de Fernanda Antunes, de 19 anos. Foi ao Hospital de Caridade porque alguém disse que a sobrinha havia acabado de ser internada em estado grave. “A mãe dela mora em São Paulo. Ainda não consegui confirmar se Fernanda está aqui mesmo. Vou agora procurá-la em outro hospital." Eva sabe o que é sofrimento. Perdeu um filho de 31 anos.