Jornal Estado de Minas

Boate Kiss passa por mais inspeções antes de ser lacrada

Jacqueline Saraiva
- Foto: REUTERS/Policia Civil/Handout
Uma comissão do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (CREA-RS) vai inspecionar nesta quinta-feira a Boate Kiss, palco da tragédia que matou, até o momento, 235 pessoas, e feriu mais de cem na cidade de Santa Maria. A intenção é elaborar um parecer técnico sobre a edificação, que possa apontar as causas do acidente que resultou no incêndio. O resultado do trabalho será divulgado na segunda-feira, em Porto Alegre.
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Técnicos do Instituto Geral de Perícias (IGP) também voltarão ao local hoje para nova inspeção. Eles já estiveram na boate na quarta-feira, acompanhados de funcionários da boate e de frequentadores que escaparam sem ferimento. A previsão é de que, depois do trabalho de hoje, o local seja lacrado.

Nessa quarta-feira foi feita uma reconstituição do incêndio, ocorrido na madrugada de domingo. Testemunhas indicaram aos policiais o local exato onde o fogo começou – no teto sobre o palco onde estava o vocalista da banda – e relataram que o extintor de incêndio usado por um dos músicos não funcionou. Além da reconstituição, também foram ouvidas 14 pessoas. Os depoimentos mostraram que a fumaça preta tomou toda a boate no prazo de 40 segundos a um minuto, impedindo as pessoas de enxergarem.


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Os funcionários que prestaram depoimento disseram ainda que nunca receberam nenhum tipo de treinamento contra incêndio, e que na noite da tragédia foram preparadas mil comandas para o público, acima da capacidade da casa, de 691 pessoas. No entanto, ainda não se sabe se todas foram usadas. Outro funcionário afirmou que teria instalado a espuma de isolamento acústico do local. Segundo a polícia havia indícios de que o material usado não era adequado. Durante a queima, o material produziu gases tóxicos, que provocaram as mortes. Segundo as investigações, ainda não há comprovação de que as autoridades tenham sido avisadas da instalação do produto.

Sócio contou com assessoria


O advogado Jader Marques, que representa Elissandro Callegaro Spohr - um dos sócios da Boate Kiss -, disse que o cliente contou com uma assessoria de especialistas para comprar a espuma. Não informou, no entanto, os nomes dos profissionais e nem se a boate comunicou à prefeitura ou aos bombeiros a instalação do produto.

De acordo com o delegado Marcelo Arigony, existem indícios de que a casa notuna estava com público acima do permitido. O secretário de Saúde da cidade havia informado, em entrevista, que foram feitos 500 atendimentos (nos hospitais) no dia da tragédia. "Quinhentos mais duzentos e tantos , a capacidade era 691. Então, já extrapolou”, ressaltou Arigony.

(Com Agência Brasil)