Ao saber da notícia, cogitaram voltar para Santa Maria, mas retornar significaria mais 1.700 quilômetros de estrada ou 25 horas de viagem sem descanso. Mesmo consternados, a programação foi mantida. “Graças a Deus estávamos no Rio”, diz Daniel Carvalho, de 21 anos.
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Estudantes contam que superlotação era comum na boate Kiss, em Santa MariaBoate Kiss passa por mais inspeções antes de ser lacrada"Deus estipulou tempo a meus filhos", diz mãe de vítimasSobreviventes da Kiss relatam desespero na escuridãoMP vai ouvir funcionários da prefeitura e bombeiros de Santa MariaGás tóxico de espuma causou as mortes, conclui perícia"Eu também estou ferido", diz delegado que cuida de caso em Santa MariaPais buscam em delegacia pertences de filhos mortos durante incêndio de boateA viagem teve visitas no Complexo do Alemão, Corcovado e canteiros de obras da Olimpíada. Ontem, os estudantes participaram de um encontro com representantes da Autoridade Pública Olímpica (APO). A concentração, entretanto, era pouca. Alguns liam jornais, distraídos, outros buscavam pelo celular notícias dos amigos.
Assim como os jovens que organizaram a festa Agromerados na boate Kiss, o grupo de Educação Física planejava um evento no local, em abril, para arrecadar fundos para a formatura. Maiara Becker, de 23 anos, diz que o namorado, que era da turma de Agronomia perdeu 27 amigos. “Ele só não foi à boate pois eu vim para cá e ele não queria ir sozinho”, diz, emocionada.
Volta para casa
O grupo deixa o Rio nesta quinta-feira e deve chegar a Santa Maria no sábado. “A nossa família sabe que a gente está bem, mas não importa. Eles querem ver, abraçar”, diz Machado. “A todo momento vemos a TV, as manchetes de jornal, não tem como fugir. Nós não estávamos lá, não sentimos na pele. Não sabemos o que vamos encontrar.”
Para Amanda Strassburguer, de 18 anos, será preciso uma nova geração de estudantes para que o trauma da cidade seja superado. Ela perdeu um primo e quatro amigos. “Santa Maria era viva, as pessoas andavam pelos calçadões, se encontravam nas praças. Eram muitos jovens. Era muito divertido, tinha uma alegria grande no ar. Agora...”
Pela internet, amigos de Santa Maria contam que não conseguem dormir no escuro, temem ficar sós, “se sentem desprotegidos”. Outros contam que a cidade está em silêncio profundo, cortado apenas pelas sirenes de ambulâncias. “Uma coisa é você ser solidário com quem perdeu os amigos, outra coisa é perder os amigos”, diz Lucas Machado. “Não sei quando isso vai curar.”