Santa Maria (RS) - Passados quatro dias do incêndio na Boate Kiss, vítimas e parentes de pessoas que morreram estiveram nesta quinta-feira na delegacia em busca de documentos e para cobrar rigor no esclarecimento da tragédia. "Vamos ver se futuramente os pais se unem para se apoiar e tomar providencias, porque na impunidade isso não pode ficar. Não vou deixar isso passar em branco. Alguém tem que ser responsabilizado", disse Maria Odete Campos, mãe da estudante Michele Campos, que morreu na boate.
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Segundo ela, antes de ir para à festa na Kiss, a filha Lauriana ligou para casa dos pais na cidade de Santo Ângelo pedindo autorização. "Eu disse, filha você sabe que o pai não gosta que você vá a essas boates. Mas ela tinha 18 anos, era jovem, precisava se divertir", contou a mãe.
Assim como ela, o pai de Taíse dos Santos, Tarso Santos, também não gostava que a filha frequentasse a boate. No entanto, ele foi pessoalmente levá-la com mais três amigas da menina. Além de Taíse, duas delas morreram. "E a minha outra filha, Daniele, também costumava ir. No sábado, ela não foi porque estava viajando. Senão, seriam duas filhas ", contou.
Os documentos e objetos recolhidos no incêndio estão sendo entregues aos parentes das vítimas. Muitas das bolsas das mulheres que estavam na tragédia continham apenas crachás e carteiras estudantis como documentos de identidade.