A troca de acusações não se restringe aos integrantes do poder público, em um país infelizmente já acostumado com o descaso das autoridades em situações de catástrofe. No meio desse fogo cruzado, os donos da Boate Kiss e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que teriam soltado um sinalizador no espaço fechado, também tentam como podem escapar das imputações pela maior tragédia da história do Rio Grande do Sul e uma das mais chocantes do país. O Estado de Minas elencou as principais desculpas adotadas pelos envolvidos com a fiscalização das atividades urbanas e com o monitoramento das condições de segurança. O prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB), apressou-se em afirmar que o Corpo de Bombeiros deveria fiscalizar os equipamentos anti-incêndio da boate. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, garantiu que a prefeitura deveria ter interditado a boate em agosto, quando venceu o alvará.
Em meio à troca de acusações, a Polícia Civil investiga o caso para estabelecer a parcela de responsabilidade dos envolvidos.
Enquanto isso...
...A difícil volta à rotina
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a maior ferida da tragédia, tenta voltar aos trilhos hoje. Não é fácil. É a pior segunda-feira do ano. Desde o incêndio da Boate Kiss, a instituição, que perdeu 114 alunos – quase metade das vítimas – estava de portas fechadas. Na entrada principal, um grande arco foi completamente coberto por panos pretos. Alunos plantaram flores. Apenas a parte administrativa estava funcionando. Às 9h, a reabertura da UFSM aos alunos será marcada por um grande ato ecumênico no espaço anexo à reitoria. Familiares dos estudantes, amigos e professores vão homenagear os universitários mortos no incêndio da casa noturna. Algumas turmas praticamente desapareceram. Diretores, professores e coordenadores de curso não sabem ainda como vão conseguir retornar. Muitos estão contando com a ajuda de psicólogos. (João Oliveira)