Em plena temporada de verão catarinense, 14 municípios registram ataques atribuídos a uma facção criminosa que atua no estado, dentro e fora de presídios. Segundo a Polícia Militar, 15 foram presas ou apreendidas, suspeitas de participarem dos crimes – a maioria é menor de idade. A onda de violência já havia deixado uma pessoa ferida. Na sexta-feira, Iron de Melo, de 19, sofreu queimaduras ao sair de um ônibus incendiado e segue internado no Hospital Celso Ramos, em Florianópolis.
Os ataques, segundo a polícia catarinense, têm relação com a onda de violência que afetou o estado em novembro. As novas ações dos criminosos teriam sido motivadas pela transferência de presos e medidas de endurecimento dentro das penitenciárias, como o corte de regalias e fiscalização mais rigorosa de uso e entrada de celulares. “Trabalhamos com a hipótese de que as ocorrências estejam relacionadas com os crimes de novembro de 2012. As investigações indicam que os ataques estão relacionados a ações tomadas pela Secretaria de Segurança Pública, que resultaram num tratamento mais duro dentro dos presídios, tais como transferências de presos e rigor maior na fiscalização de uso e entrada de celulares”, explicou o major João Batista Reus, da PM.
MOBILIZAÇÃO Na sexta-feira, o governo de Santa Catarina ativou uma sala de situação no Comando Geral da Polícia Militar e mobilizou efetivos policiais em todo o estado. A Secretaria de Segurança Pública do estado informou que já trabalha em parceria com órgãos federais, como Polícia Federal e Agência Brasileira de Inteligência e Exército, em ações contra o crime organizado.
A ação mais ousada dos bandidos ocorreu na BR-101, em Maracajá, onde duas carretas que estavam estacionadas num posto de combustíveis foram incendiadas. Os dois veículos, um deles destinado ao transporte de combustíveis, foram consumidos pelo fogo. Os motoristas estavam no restaurante do estabelecimento quando ocorreu o ataque. Ninguém se feriu. Em Criciúma, um ônibus foi atacado por 10 homens e um coquetel molotov foi atirado contra a casa de uma policial civil por dois homens que estavam numa motocicleta. Não havia ninguém na residência e as chamas foram controladas por duas guarnições da PM.
Em São Francisco do Sul, além de um ônibus ter sido incendiado, um coquetel molotov foi atirado contra a base do 27º Batalhão da PM. Em Chapecó, houve tentativa de incêndio numa garagem da prefeitura e um micro-ônibus escolar que estava estacionado em via pública foi incendiado. Em Itajaí, um coquetel molotov foi atirado numa subprefeitura, mas bateu num muro e não causou incêndio. Em Joinville, além do confronto que resultou numa morte, uma base da PM foi alvo de tiros e um ônibus teve um vidro quebrado, mesmo circulando com escolta policial. Em Araquari, quatro homens em duas motos colocaram fogo num prédio da subprefeitura. Uma sala foi destruída, incluindo mobiliário e computadores.
O último registro ocorreu no balneário de Camboriú, no Bairro Monte Alegre, quando dois homens numa motocicleta jogaram uma bomba caseira na delegacia. Dois policiais estavam no local. O artefato, de cerca de 20 centímetros, não chegou a explodir. O Batalhão de Operações Policias Especiais (Bope) foi acionado para detonar a bomba. Em Florianópolis, não houve ataques entre a noite de sábado e a madrugada de domingo.
Força Nacional
Apesar dos 44 atentados registrados em Santa Catarina em menos de uma semana, o governo estadual ainda não solicitou ajuda da Força Nacional para conter a onda de ataques que já atingiram 14 municípios catarinenses. O Ministério da Justiça aguarda um pedido formal do governador Raimundo Colombo para o envio de soldados de elite, da Força Nacional, para ajudar os trabalhos das forças locais do estado. Além do envio da Força Nacional, o ministério ofereceu ajuda da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.