O delegado Marcelo Arigony, que comanda as investigações sobre o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), disse que a busca e apreensão feitas pela Polícia Civil ontem na casa dos músicos e de outras pessoas ligadas à banda Gurizada Fandangueira comprovam que o grupo musical fazia show de pirotecnia no local no dia da tragédia que deixou 238 mortos. Foram cumpridos sete mandados. A principal hipótese investigada pela polícia sobre o começo do fogo na boate é o uso de um sinalizador pelo vocalista da banda. Quando a faísca entrou em contato com a espuma que servia como isolante acústico no local, produziu uma fumaça tóxica que levou cerca de um minuto para tomar a casa noturna. A maioria do jovens morreu asfixiada. Também ontem, seis bombeiros que participaram do resgate prestaram depoimentos, e outros seis comparecerão à delegacia nos próximos dias. Mais de 130 pessoas já foram ouvidas no inquérito.
Kiko e seu sócio, Mauro Hoffmann, e os integrantes da banda Marcelo dos Santos e Luciano Bonilha Leão, estão recebendo alimentação diferenciada no Presídio Estadual de Santa Maria. Os quatro estão detidos na ala de isolamento do presídio. Kiko e Hoffmann estão sozinhos nas celas. Os dois integrantes da banda estão juntos. De acordo com o presídio, todos os presos que ficam nessa área de isolamento recebem comida preparada fora da cozinha geral. Por medida de prevenção, a alimentação oferecida aos quatro é a mesma dos agentes penitenciários.
Ontem, o juiz da 1ª Vara Criminal de Santa Maria, Ulysses Fonseca Louzada, negou o pedido de relaxamento de prisão dos quatro. No despacho, Louzada autorizou que Mauro Hoffmann seja submetido a avaliação médica e psicológica conforme solicitação feita pela defesa.
ALTA Mais seis vítimas receberam alta de hospitais, de acordo com boletim da Secretaria de Saúde do estado divulgado ontem. Com isso, caiu para 75 o número de feridos ainda hospitalizados. Desses, 21 ainda são considerados casos mais delicados.
A polícia prendeu ontem um homem suspeito de furtar objetos que pertenciam às vítimas da tragédia. De acordo com o delegado Arigony, o homem se passou por familiar de uma vítima e roubou um celular, R$ 50 e documentos de um homem, que estavam no centro desportivo da cidade, conhecido como Farrezão. O pai da vítima procurou a polícia dizendo que os documentos do filho haviam desaparecido e que uma pessoa os devolveu a ele. Essa mesma pessoa teria ajudado a polícia a identificar quem roubou os pertences. (Com agências)