Jornal Estado de Minas

Julgamento

Testemunha confirma que viu Gil Rugai sair da casa do pai após o crime

Vigia noturno, integrante do programa de proteção a testemunhas, disse que se arrepende do depoimento, mas confirma a versão apresentada à polícia

Promotoria promete apresentar outros provas, como o suposto desfalque de R$ 150 mil feito por Gil na empresa de vídeo do pai - Foto: RODRIGO COCA/FOTO ARENA/AEA primeira testemunha de acusação do julgamento de Gil Rugai, que está sendo julgado pela morte do pai, Luiz Carlos Rugai, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, começou a ser ouvida por volta das 13h20 desta segunda-feira.
O vigilante da rua à época, que foi inscrito no programa de proteção a testemunhas após receber ameaças  - um carro teria tentado atropelar suas família - confirmou o depoimento que deu à Polícia Civil e afirmou que viu Gil Rugai e outra pessoa não identificada saindo da casa onde o crime aconteceu, às 21h da noite de 28 de março de 2004.

Rugai acompanhou no plenário a fala da testemunha. O promotor Rogério Leão Zagallo, perguntou ao vigia se ele se arrependeu de ter dito à polícia que viu Rugai na noite do crime. “Me arrependo porque prejudicou minha família”, respondeu o vigilante.

A sessão de julgamento começou com a escolha dos jurados. Foram pré-selecionadas 55 pessoas e, dessas, sete foram escolhidas, sendo cinco homens e duas mulheres. São esperadas 16 testemunhas no Fórum da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, para defender ou acusar o estudante de Teologia de 29 anos, que, aos 20, sonhava em ser padre. Se todos comparecerem, o júri pode estender-se até o fim da semana.

Único suspeito, o réu ficou dois anos e meio preso, depois que provas periciais e o testemunho do vigia noturno da rua onde o pai morava com a mulher indicaram a sua presença no local do crime, uma mansão em Perdizes, na zona oeste. Ela foi atingida por cinco tiros e ele, por quatro. Hoje com 29 anos, Rugai responde ao processo em liberdade.

Lados opostos
Defensores de Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino, mortos há quase nove anos, vão assumir papéis opostos no tribunal. O acusado pelo crime, Gil Rugai, terá o apoio da família e a desconfiança dos parentes da madrasta, que acreditam e assumem a tese da acusação. Para eles, foi Gil, o filho mais velho de Luiz Carlos, que assassinou o casal a tiros.

O estudante terá no tribunal o amparo informal de Alberto Toron, um dos principais criminalistas do País. O escritório dele tem como sócio Marcelo Feller, que representa o acusado, ao lado de Thiago Gomes Anastácio, de 33. A equipe de defesa ainda tem a experiência da escritora Ilana Casoy, que é especialista em criminologia e mãe de Feller.

Para os defensores de Gil, a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual chega a ser “ridícula”. Os advogados afirmam que o réu estava no prédio onde mantinha um escritório no momento do crime. Feller e Anastácio prometem comprovar a tese por meio de registros telefônicos. Os dois ainda argumentam que a marca de pé encontrada na porta da sala onde Luiz Carlos estava antes de morrer não é do acusado e destacam que o vigia noturno não tinha ângulo para ver Gil sair da mansão. Já o advogado da família de Alessandra Troitino, Ubirajara Mangini, defende que os autos têm provas concretas e irrefutáveis de que Gil Rugai é autor dos dois homicídios.

Promotor seguirá versão do processo
As versões costuradas pela defesa, segundo o promotor de Justiça Rogério Zagallo, em nada modificarão o que está no processo. Responsável pela acusação, ele afirma que tanto a marca de pé na porta como a arma do crime - achada na galeria pluvial do prédio de Gil - incriminam o acusado.

A Promotoria garante que vai apresentar outros provas aos jurados, como o suposto desfalque de R$ 150 mil feito por Gil na empresa de vídeo do pai - além do homicídio, o réu também é acusado de estelionato - e o testemunho de vizinhos que podem indicar detalhadamente o horário do crime. Já a defesa promete surpreender e apresentar nome de dois supostos assassinos do casal. Segundo os advogados de Gil Rugai, várias pessoas tinham motivos para querer o empresário morto. O perito Ricardo Molina, que auxilia a defesa do ex-seminarista, afirmou que encontrou muitos erros no processo, do início ao fim.

Com Agências