O Brasil tem atualmente dois médicos para cada mil habitantes, de acordo com pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O Sudeste lidera o ranking com 2,67 profissionais por mil habitantes, seguido pelo Sul, com 2,09, e pelo Centro-Oeste, com 2,05. Já no Nordeste, o índice é 1,23 e no Norte, 1,01.
Dados mostram que mais de 388 mil profissionais de saúde atuavam no país até outubro de 2012. De 1970, quando existiam 58.994 médicos no país, ao último trimestre do ano passado, o número cresceu 557,72%. O percentual é quase seis vezes maior em comparação ao do crescimento da população brasileira que, em cinco décadas, aumentou 101,84%.
De acordo com o professor da Universidade de São Paulo (USP) e responsável pelo estudo, Mario Scheffer, o país nunca teve tantos médicos em atividade em razão de fatores como a abertura de cursos de medicina, o aumento de novos registros (mais de 4% ao ano) e a maior longevidade profissional.
“O Brasil é um país de médicos jovens. A idade média é 46 anos, sendo que mais de 40% deles têm menos de 40 anos. Com isso, eles ficam cada vez mais anos trabalhando na profissão, o que amplia o contingente de médicos à disposição”, disse. “Mas o aumento persistente do efetivo médico não beneficiou de maneira homogênea todos os cidadãos brasileiros”, completou.
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O presidente do CCFM, Roberto Luiz D’Ávila, disse que o país conta com um número de médicos suficiente para atender a demanda e cobrou do governo federal a criação de um plano de carreira capaz de atrair profissionais para áreas de menor cobertura, como no interior do país.
D'Ávila criticou medidas sobre a abertura de novos cursos de medicina, anunciada pelo governo federal, e o estímulo a vinda de médicos estrangeiros ou com formação no exterior. “Não me venham com atitudes que são só cosméticas e que não vão resolver o problema”, disse. “Desafio o governo a sentar conosco e debater as ideias da melhor maneira possível”, completou.
Além da criação de um plano de carreira semelhante ao do Poder Judiciário, com possibilidade de educação continuada e dedicação exclusiva, o CFM defende também a a abertura de vagas de residência médica para cada aluno formado em medicina. “É o nosso sonho. Países sérios fazem isso”, concluiu o presidente.