A defesa da médica Virgínia Soares de Souza, acusada de praticar eutanásia com pacientes da UTI do Hospital Evangélico de Curitiba, vai pedir ao Conselho Federal de Medicina (CFM) uma intervenção a favor da profissional.
A iniciativa é do advogado da acusada, Elias Mattar Assad, e faz parte da estratégia de defesa. Ele vai recorrer à entidade de classe porque entende que a polícia de Curitiba está ameaçando o livre exercício da medicina.
Mattar Assad vai encaminhar, nesta sexta-feira, uma carta aberta ao presidente do CFM, Roberto Luiz d´Avila. Em entrevista por telefone, o advogado adiantou um trecho do documento. "O livre exercício da Medicina está em risco no Brasil. A prosperar a tese da polícia, colocamos em duvida, sem provas materiais, a prática e os critérios científicos da terapia intensiva (...). A medicina não pode ser banalizada ou mesmo não se pode inviabiliazar o seu exercicio por conta dos enormes riscos que correm seus profisssionais."
"Faço um alerta para que o CFM intervenha para daqui pra frente garantir a credibilidade das UTIs. A polícia entra na UTI e diz que o médico está matando pessoas lá dentro. Como vai provar isso? Que tipo de prova poderá ser apresentada?", expôs em entrevista Assad.
A defesa da médica alega que não há provas materias contra Virgínia Soares de Souza. Elias Mattar Assad, que diz ainda não ter tido acesso ao inquérito, afirma que todos os óbitos da UTI foram assinados pelos médicos responsáveis pelos pacientes e não pela médica intensivista, Virgínia Soares de Souza. "Médico intensivista não tem paciente, ele recebe os pacientes de outros médicos", aponta Assad.
Entenda o caso
A médica Virgínia Soares de Souza foi presa na manhã de terça-feira (19/2), acusada de ter antecipado as mortes de pacientes internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba, no Paraná.
As investigações foram iniciadas há um ano, passaram pelo Ministério Público e agora estão sob a responsabilidade do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa) da cidade. Não se sabe ainda desde quando os crimes estariam sendo cometidos, nem o número de pacientes que teriam passado pelo procedimento.
A polícia investiga ainda se houve o consentimento das famílias das vítimas ou a participação de outros funcionários do hospital.