Leia Mais
MST invade fazenda de ex-prefeito no interior de SPPolícia prende suspeito de matar líder do MST no RioMST invade sede do Incra em SP contra reintegraçãoA maior parte das ações, porém, nada tem a ver com reforma agrária e teve como objetivo marcar posição política contra o capitalismo e a suposta opção do governo em defesa do agronegócio. Na mais espetacular delas, um grupo de cerca de 500 manifestantes - na maioria mulheres, encapuzados e munidos de foices, invadiram a fazenda Aliança, da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), no Tocantins e destruíram o canteiro de mudas de eucaliptos.
A seguir, os militantes interditaram por mais de duas horas os dois sentidos da BR-153 (Belém-Brasília), no trecho que passa em frente à fazenda da senadora, no município de Aliança (TO), gerando transtornos e um engarrafamento de vários quilômetros. Acionada, a Polícia Rodoviária Federal negociou a retirada pacífica dos piquetes e liberou o tráfego por volta das 10h30.
A ocupação da fazenda, registrada no nome do filho da senadora, deputado federal Irajá Abreu (PSD-TO), durou cerca de uma hora. No lugar do canteiro de eucaliptos, os ativistas deixaram mudas de arroz, feijão e outros alimentos. "Nosso objetivo foi sabotar o modelo de monocultura e mostrar a essa senadora que em vez de destruir o meio ambiente o caminho é diversificar a produção de alimentos para o povo", explicou Mariana Silva, dirigente do MST no Tocantins.
O movimento alegou que a fazenda teria sido embargada duas vezes por crimes ambientais pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As punições teriam sido adotadas em 2011 e 2012 por desmatamento em área de preservação permanente. "A ruralista e senadora Kátia Abreu é símbolo do agronegócio e dos interesses da elite agrária do Brasil, além de ser contra a reforma agrária e cometer crimes ambientais em suas fazendas por isso estamos realizando esse ato político e simbólico em sua propriedade", explicou Mariana.
Em Brasília, um grupo de 1,2 mil manifestantes, na maioria mulheres, invadiu o Ministério da Agricultura às 6 horas, pegando a segurança de surpresa. A ocupação terminou pouco depois das 11 horas, depois que os líderes foram recebidos pelo secretário executivo, José Carlos Paes, mas o expediente da pasta ficou prejudicado toda a manhã. A ocupação foi pacífica e não houve incidentes. A Polícia Militar apenas acompanhou a manifestação, à distância.
A seguir eles foram em passeata ao Ministério da Previdência, onde entregaram documento criticando o excesso de burocracia que praticamente impede as mulheres do campo de acessar benefícios previdenciários, como auxílio-maternidade e aposentadoria. "A burocracia foi feita para impedir a mulher de provar sua condição de camponesa e excluí-la do sistema", criticou Sandra Alves, da coordenação nacional do Movimento Camponês Popular (MCP).
A jornada de lutas, que começou na última segunda-feira, termina na sexta (8), dia internacional da mulher. Este ano, o lema escolhido foi "mulheres sem terra na luta contra o capital e pela soberania dos povos". O movimento, segundo Sandra, quer chamar a atenção da sociedade para "o modelo destrutivo do agronegócio, que ameaça a soberania alimentar do país e a vida da população brasileira". Isto, acrescentou, "afeta de forma direta a realidade das mulheres".
As ações foram organizadas a partir do acampamento central dos manifestantes, batizado de Hugo Chávez em homenagem ao líder bolivariano da Venezuela, morto na terça-feira (5). Na quarta, milhares de camponesas já haviam promovido um ato público em frente à embaixada venezuelana em solidariedade ao povo daquele país. As ações, conforme os organizadores, todavia, "representam um enfrentamento contra o retrocesso das conquistas dos trabalhadores do campo, em especial a Reforma Agrária".