Diego Ponce de Leon
Brasília – No fim da noite de quarta-feira, dia em que Alexandre Magno Abraão, o Chorão, foi encontrado morto, o velório do líder da banda Charlie Brown Jr. foi aberto ao público em um ginásio de Santos, litoral de São Paulo, cidade que o músico escolheu para morar. O movimento de fãs foi intenso durante toda a madrugada de ontem. Até o encerramento do velório, às 13h55, cerca de 5 mil pessoas passaram pelo local e prestaram homenagens ao roqueiro. Mas a maioria das pessoas teve que se despedir de longe, porque uma grade separava o caixão da fila de fãs. Muitos entoavam versos do “poeta da nova geração”, outros exibiam cartazes com frases de despedida ou agradecimento.
Alguns fãs da banda, que passaram toda a madrugada nas imediações do ginásio, insistiram em se aproximar. Uma tentativa de ver o ídolo pela última vez. Em respeito ao esforço do grupo, o desejo foi atendido. Assim como o pedido da mãe do cantor. Muito abalada, dona Nilda, que chegou a passar mal, preferiu a privacidade e velou o filho sozinha. “Respeitem o meu sofrimento”, pediu ela. Do lado de fora, a chuva que teimava em cair não foi suficiente para afastar as pessoas.
No trajeto entre o ginásio e o Cemitério Vertical Memorial, um enorme cortejo se formou. Uma multidão seguiu a pé o carro que transportava o corpo do artista. A passagem proposital pelo Chorão State Park, local onde o artista praticava o esporte favorito, gerou emoção entre os presentes, muitos munidos com a pequena prancha de rodinhas, cultuada por Chorão.
Entre os presentes, alguns rostos conhecidos, principalmente, companheiros de música. Alem dos integrantes do próprio grupo Charlie Brown Jr., passaram por lá os membros da banda NXZero e o rapper Mano Brown, assim como os atores Sandro Pedroso e Alexandre Frota, entre outros. Sandro “Mineirinho” Dias, um dos grandes nomes do skate nacional, fez questão de confortar a família e os amigos mais emocionados, como Digão e Canisso, da banda brasiliense Raimundos, claramente emocionados.
O corpo de Chorão foi sepultado às 17h, sob aplausos. O caixão foi coberto por uma bandeira do Santos, time favorito dele. Um skate foi guardado dentro do caixão. Após o fim das investigações sobre a causa da morte do músico, a família deve optar pela cremação.
Causa mortis Pelo menos 30 dias serão necessários para que a causa da morte possa ser definida. A polícia trabalha com a hipótese de intoxicação por uso de drogas. O delegado do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, Itagiba Franco, responsável pelas investigações, chamou a atenção para uma possível debilidade psicótica do cantor: “Ele estava com machucados no corpo e encontramos um buraco na parede, o ar-condicionado do apartamento estava quebrado, o que pode indicar socos ou chutes por parte do músico. O apartamento estava em total abandono e isso foi o que mais nos chocou”, comentou, em entrevista coletiva.
Algumas testemunhas disseram que o cantor estava deprimido e com sintomas de paranoia. A polícia descarta suicídio.
Ex-mulher culpa drogas
A ex-mulher de Chorão, a estilista Graziele Gonçalves, após o sepultamento, deixou o cemitério dizendo que o cantor perdeu a luta contra a cocaína. “Eu tentei tudo que vocês podem imaginar. Mas, infelizmente, essa praga mundial que é essa droga – era cocaína, não era crack, não – está acabando com tudo, ganhou. Eu espero que outras famílias e outras pessoas não passem por isso que eu estou passando”, afirmou.
Ela publicou uma carta no site da banda em que declara seu amor ao músico. Na carta, Graziela agradece a Deus por ter proporcionado um grande amor a ela por quase 20 anos. “O que ficou está gravado para sempre no meu coração e na memória ”. Ela afirmou que Chorão disse que a amaria eternamente, e retribui: “Vou te amar para sempre, sempre, sempre, sempre...”