Segundo o levantamento, a discriminação também faz parte da realidade dessas mulheres, seja na Polícia Militar, seja no Corpo de Bombeiros. Piadas ou constrangimentos de colegas ou do público são os sinais mais frequentes do problema. Uma inspetora da Polícia Civil conta que ouviu de um superior a seguinte frase: “Mulher policial ou é piranha ou é sapatão”.
A pesquisa constatou que essas profissionais acabam assumindo postura mais rígida para se defender, “o que no limite é uma contradição com a proposta da entrada de mulheres nas instituições policiais, na década de 1980, que era humanizar as relações”, disse a socióloga Wania Pasinato, coordenadora do levantamento.
Ela disse que ouviu o seguinte relato de uma das entrevistadas: “Eu sorrio muito menos. Sorrir seria só expressar simpatia, mas pode gerar um constrangimento porque pode ser mal interpretado”. Segundo Wania, as mulheres foram incorporadas à segurança pública, mas com a condição de se adaptar. “As instituições não lhes deram nenhum recurso para que sejam mulheres policiais”, completou.