Pelo terceiro dia seguido, a Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio, amanheceu coberta por peixes mortos. De acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smac), uma conjunção de fatores levou à falta de oxigênio na água, provocando a mortandade. Já foram recolhidas no local, desde terça-feira, 65 toneladas de peixes
O coordenador de Recursos Hídricos da Smac, Alexandre De Bonis, disse que quatro fatores afetaram a qualidade ambiental da lagoa nos últimos dias e provocou o desastre ambiental: as fortes chuvas, que levaram óleo e matéria orgânica para a água; a desova de uma espécie de peixe que habita o local; o forte calor que expulsa o oxigênio dissolvido na água; e a maré baixa.
“Quando está com a maré alta, as comportas são abertas para entrar água oxigenada na lagoa, para melhorar a qualidade da água. Mas nós temos tido marés baixas e tem entrado pouca água na lagoa”, explicou. Segundo ele, “fevereiro e março é o período de desova da savelha, que corresponde a 95% dos peixes da lagoa e é a espécie suscetível a essa falta de oxigênio”.
O último Boletim da Lagoa, com os dados de ontem (13), mostram que cerca de 70% da lagoa estavam impróprios para atividade recreativa, e a qualidade da água estava em estado crítico. O nível de oxigênio dissolvido estava de crítico a estado de alerta. Segundo De Bonis, a Lagoa Rodrigo de Freitas é monitorada 24 horas por dia, mas nem sempre é possível evitar problemas como esse.
“Nós temos um programa de gestão, um plano de contingência, que é sempre acionado quando chega um momento crítico, só que, infelizmente, às vezes a gente não consegue atender a certas coisas. Tudo está sendo feito realmente para evitar isso, tanto que a última mortandade de peixes foi em 2009. Mas essa soma de fatores trouxe esse clímax negativo para a lagoa”.
De acordo com o coordenador, os pescadores informaram que foram pescados na lagoa 280 quilos de peixe no dia 11, 480 quilos no dia 12 e 2,8 toneladas ontem, já que os peixes grandes estavam na superfície, onde é maior a concentração de oxigênio. Mas, segundo De Bonis, a savelha não é pescada porque não tem valor comercial. “Estamos vendo a possibilidade de eles serem remunerados para pescarem a savelha, mas ainda não chegamos a um acordo”.
A hipótese de esgoto despejado na lagoa foi negada pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Segundo a empresa, a prática foi abolida em 2007, com a implantação do plano de ação de contingência e investimentos de R$ 148 milhões em infraestrutura de saneamento no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas. De acordo com a Cedae, o sistema passou por uma vistoria ontem, após o aparecimento dos peixes mortos, não sendo encontrada nenhuma avaria.