"Eram cerca de 22h de domingo quando meu filho foi à minha casa, que fica na parte baixa da encosta, e me chamou para dormir na casa dele, um pouco acima. Chovia muito e ele disse que estava com medo de uma barreira cair", contou a aposentada. "Então, subi para a casa dele e, quando deitei, ouvi aquele barulho. Até comentei com a Francisca: `Será que é guerra?' Já era a barreira caindo sobre as casas. Foi quando o Paulo pegou a enxada e disse que tinha de ajudar os vizinhos. Ele saiu e não voltou até agora. De lá, partiu".
As casas de Ilceli e Paulo não foram atingidas, mas os imóveis foram interditados pela Defesa Civil. Além da dor da perda, a família agora precisa encontrar um novo lugar para morar. "Até agora, só consegui retirar umas roupas e meus documentos. Tive de deixar meus móveis e até uma geladeira novinha - acabei de pagar a última prestação. Passei as duas últimas noites numa escola e hoje vou dormir na igreja. Mas o pastor disse que não vamos poder ficar lá por muito tempo", disse a aposentada, que terá de abandonar Mel, a cachorrinha de estimação de seu filho.