Em uma loja do Carrefour da zona norte de São Paulo, um comunicado no corredor de sucos dizia que a ausência do produto nas prateleiras devia-se à Resolução nº 1.005, da Anvisa. A resolução, publicada no Diário Oficial da União de segunda-feira (18), na verdade, suspende apenas os produtos Ades com lotes iniciados com as letras AG - fabricados em 1 das 11 linhas de produção do suco na planta de Pouso Alegre (MG) da Unilever, responsável pela marca.
De acordo com a assessoria de imprensa da Unilever, houve uma confusão a partir do momento em que a Anvisa divulgou a lista com as 32 variedades do Ades, cujos lotes iniciados por AG deveriam ser suspensos. Góes criticou o fato de a Unilever não ter divulgado amplamente, a princípio, qual era a substância que havia contaminado parte dos sucos. Em uma análise inicial, o comunicado da empresa poderia ter sido mais enfático no que toca aos riscos. Ele diz apenas solução de limpeza. Poderia ter informado que era soda cáustica, disse.
Na segunda-feira (18), o atendimento telefônico do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Unilever ficou congestionado durante boa parte do dia, e o site da multinacional não trazia informações sobre a contaminação. Até o fim da semana, deverá ser divulgado o laudo técnico da inspeção da fábrica realizada por fiscais das vigilâncias sanitárias de Minas Gerais (estadual) e de Pouso Alegre (municipal). Os fiscais, no entanto, entendem que a decisão final deve ficar a cargo da Anvisa, já que o produto tem distribuição nacional.
Contaminação
Por enquanto, a Unilever reconhece oficialmente 14 casos de pessoas que tiveram problemas após consumirem sucos do lote comprovadamente contaminado. Segundo a empresa, elas já passaram por atendimento médico e não precisaram de internação.
Na segunda-feira (18), porém, um casal denunciou à polícia que o filho de 7 anos sofreu lesões na boca após tomar suco de uva Ades em João Pessoa, Paraíba. O caso foi registrado na Delegacia Distrital de Mangabeira.
O produto foi comprado em Cabedelo, região metropolitana da capital. Segundo o delegado Nélio Carneiro, a criança foi encaminhada para exame no Instituto de Polícia Científica de João Pessoa. Em Ribeirão Preto, a Polícia Civil apura um caso de lesão corporal contra um adolescente de 17 anos que diz ter queimado a boca ao consumir o suco Ades. O caso foi registrado há 12 dias, mas somente agora foi divulgado. Os advogados da família do garoto alegam que ele não chegou a engolir o produto. Mesmo assim, teve vários ferimentos no interior da boca.
Após o contato com o suco, o estudante começou a sentir a boca arder e a mucosa passou a sangrar. Isso ocorreu na noite de 7 de março, antes do recall anunciado no dia 14 pela Unilever. O suco era o de maçã de 1,5 litro, mas não foi informado se fazia parte do mesmo lote do recall. Segundo a família, o líquido era transparente, não tinha cheiro e chegou a corroer o fundo de uma panela de alumínio durante um teste. Amostras do suco foram recolhidas pelo Instituto de Criminalística. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.