"A liberação do aborto representaria evitar um mal com outro mal”, afirmou na quarta-feira (20) o representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Clóvis Bonfleur. “Isso nunca será a solução. É preciso formar a juventude, garantir o acesso à informação. Essas medidas, sim, é que podem proteger a mulher”, observou.
Bonfleur também questionou a representatividade da decisão do CFM. “Isso não é a opinião da classe, pois certamente eles não ouviram todos os médicos”, disse. “Essa é a posição apenas dos integrantes do colegiado.”
Para o representante da CNBB, o argumento de que a liberação do aborto protegeria mulheres economicamente menos privilegiadas é questionável. “Não há nada que prove que mulheres com recursos são submetidas ao procedimento com segurança, ficando o risco de vida apenas às mais pobres”, completou.
A favor
“É um feito histórico”, comemorou a presidente da organização Católicas pelo Direito de Decidir, Maria José Rosado. “Como essa manifestação, há tempo esperada e muito bem-vinda, o Conselho Federal de Medicina mostra que a descriminalização do aborto não é apenas uma pauta de feministas, mas da sociedade”, disse. Ela acredita que o envio do documento para o Senado possa trazer novo fôlego para a discussão sobre o aborto no País. “Estamos falando de uma classe que lida cotidianamente com o problema. Há uma necessidade real: mulheres morrem, têm complicações por abortos mal realizados.”