Apesar do crescimento significativo dos alertas em relação ao ano anterior, o Ibama acredita que não houve aumento de desmatamento. "Esperamos que tenha havido estagnação, ou mesmo redução na taxa de desmatamento, que será conhecida em julho", observou o diretor de Proteção Ambiental do órgão, Luciano Meneses Evaristo. Essa taxa é calculada com base no Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), divulgado pelo Inpe anualmente. Com imagens de alta resolução, ele mede o corte raso e mostra o quanto da floresta foi de fato destruída pelos devastadores.
Já o Deter, segundo Evaristo, traz um componente de degradação florestal que pode se transformar ou não em desmatamento. "Só depois que o Inpe fizer o monitoramento da imagem de alta resolução, vai ficar claro se aquela degradação foi para o desmatamento, com corte raso, ou se foi causada, por exemplo, por queimadas ou incêndios, que ocorrem de forma cíclica no Brasil, mas que após as chuvas a vegetação volta a se recompor", explicou.
O Deter, conforme explicou Evaristo, é um sistema de alerta fundamental para as ações de fiscalização do Ibama. "O dado é direcionado à fiscalização para que ela possa chegar a tempo no local devastado; apreender os equipamentos; autuar o infrator e tomar todas as medidas para que esse desmatamento não avance", observou. Em Anapu, município onde foi assassinada em 2005 a missionária americana Dorothy Stang, foram apreendidas em fevereiro oito balsas, 12 tratores e seis rebocadores, usados por madeireiros na estação das chuvas, quando tradicionalmente não havia fiscalização.
A partir do novo sistema de alertas, o Ibama montou ao longo do arco do desmatamento (linha que vai do Acre ao Maranhão, cortando a Amazônia pela borda sul) a Operação Onda Verde, integrada por mais de três mil homens dos batalhões ambientais do órgão, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública. "Nós chegamos ao local do crime ambiental e pegamos os desmatadores com a calça nas mãos, de surpresa", disse o dirigente.
Com bases fixas e móveis, a operação ocupa seis áreas críticas, ao longo do arco, que respondem hoje por 54% de todo o desmatamento da Amazônia Legal. Essas bases dispõem de grande logística, com serviço de inteligência e comunicação próprias, além de aeronaves e boa capacidade de mobilidade na floresta. "Para onde o desmatador caminhar, através dos alertas que o Deter nos passa, nós caminhamos com essas bases para conter o desmatamento", enfatizou.