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Preso 3º acusado por estupro de estrangeira no RioDupla que teria abusado de turista é suspeita de outro estupro no RioTurista estrangeira é violentada em van no RioEstupro de turista em van no Rio de Janeiro repercute na imprensa internacionalEntre os casos a serem investigados, estaria um estupro cometido durante o carnaval - a vítima não registrou queixa. Mesmo não havendo denúncia de todos os casos de estupro, o Estado do Rio registrou um aumento de 23% no número de ocorrências denunciadas à polícia. Foram 6.029 casos registrados em 2012 (uma média de 16 por dia), ante 4.871 no ano anterior, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP).
Para o sociólogo Ignacio Cano, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Lav-Uerj), trata-se de um caso entre muitos. "Nem a gente tinha a cidade plenamente segura antes, nem agora a gente vive num caos por conta desse caso. Há um excesso na cobertura, como se isso representasse uma crise na segurança, e também é resultado de que, justamente antes, a cobertura era excessivamente otimista".
Diferença de tratamento
A ocorrência dos dois estupros também mostrou a diferença de tratamento dado às investigações conduzidas por duas delegacias especializadas. Em 14 horas, a Deat, onde a turista estrangeira prestou queixa, localizou e prendeu Jonathan Foudakis de Souza, de 20 anos, e Wallace Aparecido Souza Silva, de 22, e chegou ao terceiro suspeito, Carlos Armando Costa dos Santos, 21, pouco tempo depois. Já a inércia da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Niterói (região metropolitana), onde a vítima brasileira prestou queixa no dia 23, levou a chefe da Polícia Civil do Rio, Marta Rocha, a exonerar a titular da Deam, Marta Dominguez, e a perita Martha Pereira, diretora do Posto Regional de Polícia Técnico-Científica de São Gonçalo.
"Um crime contra turista hoje no Rio tem uma sensibilidade muito grande, portanto vai receber uma atenção também muito elevada. Um crime sério contra o turista compromete, digamos, o projeto da cidade, e portanto vai receber mais atenção", avalia Cano. "O que não justifica que as pessoas em condições normais não recebam um tratamento digno, rápido e eficiente".
Para a socióloga Jacqueline Pitanguy, diretora da ONG Cepia (Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação), tais falhas colocam a mulher e o cidadão brasileiro em uma situação muito vulnerável. "O caso da brasileira é dramático. É muito difícil fazer gradações do horror, porque os dois são horríveis, mas a brasileira denunciou imediatamente, ela foi a uma delegacia, e não foi acolhida. Isso triplica a sensação de vulnerabilidade".