Porém, na prática, a realidade foi bem diferente. Quando a construção da ferrovia foi anunciada, no governo do general Emílio Garrastazu Médici, em maio de 1973, a previsão era de que a obra duraria apenas 1 mil dias, ou seja, menos de três anos. Entretanto, a primeira inauguração, com o projeto totalmente modificado e reduzido, foi apenas em 1989, no governo de José Sarney (PMDB), após 5.140 dias.
O anúncio das obras foi feito no mesmo período da primeira grande crise mundial do petróleo, o que diminuiu o ritmo de crescimento da economia brasileira. Os planos do governo militar eram calcados no período conhecido como milagre econômico, com a economia crescendo a taxas superiores a 10% ao ano, mas que com a crise internacional começou a perder fôlego. Como os militares que comandavam o país abusaram dos empréstimos internacionais para financiar as obras faraônicas, a dívida externa explodiu. Seguiu-se então um período de inflação elevadíssima, que só foi terminar em 1994, no governo de Itamar Franco, quando foi instituído o Plano Real.
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Após décadas "filhos do aço" reencontram famíliasConstrução da Ferrovia do Aço deixou estrada de filhos sem paiBairro com casas erguidas para os operários da Ferrovia está abandonado no Sul de MinasVindos de todo o país, operários da Ferrovia do Aço formaram famílias e ficaram em MinasPrivatizada em 1996, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a ferrovia está hoje sob a concessão da MRS Logística. A previsão inicial de gastos era US$ 743 milhões, que foi superada mais de cinco vezes. Outra falha é que a ferrovia deveria ser completamente eletrificada, o que não aconteceu. Tantos atrasos e mudanças fizeram com que a obra fosse apelidada de Ferrovia do Acho.
ORGULHO
Porém, quem participou da construção se orgulha do feito. O diretor da construtora gaúcha Toniolo Busnello, Humberto Busnello, lembra que a empresa foi contratada para fazer túneis entre Congonhas e Jeceaba. “Foi uma experiência muito importante para a empresa. A exigência era fazer a obra no curto prazo, e compramos equipamentos novos”, recorda Busnello. O executivo lembra que foram contratados cinco profissionais italianos com experiência em perfurar túneis.
Um dos vértices do Quadrilátero Ferrífero, a região de Congonhas, o Alto Paraopeba, é a principal fornecedora do minério que é transportado hoje pela Ferrovia do Aço. São carregados 110 milhões de toneladas de minério de ferro para os portos do Rio de Janeiro e para a usina da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ). Por dia são até 30 composições, com 134 vagões e quatro locomotivas. Passam também mais três a cinco composições por dia que levam cimento, sucata, gusa e produtos siderúrgicos.