Jornal Estado de Minas

Ângela Bismarchi depõe no processo da morte do marido

Agência Estado
A modelo Ângela Bismarchi, mulher do cirurgião plástico Ox Bismarchi, morto ao reagir a um assalto dentro de sua mansão, na zona sul do Rio, em 2 de dezembro de 2002, disse em depoimento à Justiça, na segunda-feira (9), que na manhã do crime estava dormindo sozinha no quarto do casal quando ouviu barulho de tiros. Ao descer as escadas, percebeu que as chaves de Ox estavam na porta da sala. O cirurgião havia acordado por volta das 9h, e foi passear com os cachorros no quintal da residência. Segundo a modelo, o marido estava com o revólver do qual nunca se separava. Ângela disse ter chamado por Ox, mas como não houve resposta, voltou para o quarto e ligou para a irmã dele, que chamou a polícia. Ângela disse que ficou trancada no quarto até a chegada dos policiais.

Além de Ângela, o juiz Alcides da Fonseca Neto, da 11ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, ouviu na segunda-feira os depoimentos de outras seis testemunhas. A continuação da audiência de instrução e julgamento do processo ainda será marcada, ocasião em que serão ouvidos os depoimentos das testemunhas de defesa e os interrogatórios dos três réus: João Marcelino de Lima (que era caseiro da vítima), Luis Fernando da Conceição e Silvio Luiz Miranda. Eles respondem pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Se condenados, podem pegar até 20 anos de prisão.
Outras três testemunhas serão ouvidas por carta precatória. Um vizinho do casal Bismarchi disse em depoimento que viu quatro ou cinco homens saindo da mansão após o crime.

Durante a audiência, os advogados de defesa solicitaram a revogação da prisão preventiva dos réus. O pedido ainda será analisado pelo magistrado.

O Crime

De acordo com as investigações da Polícia Civil do Rio, o cirurgião foi morto por ter reagido a um assalto dentro de sua mansão, no luxuoso bairro do Joá. O crime teria sido arquitetado pelo caseiro João Marcelino de Lima, que contou com o apoio de cinco comparsas que moravam na Favela da Rocinha. Na época, a comunidade era dominada pelo tráfico de drogas, o que dificultava as investigações sobre o crime. Entre os comparsas do caseiro estariam Luiz Fernando da Conceição e Sílvio Luiz Miranda. Os outros três criminosos nunca foram identificados.

Os três tiveram a prisão temporária decretada em setembro de 2008 e ficaram mais de quatro anos foragidos. O caseiro foi preso em 20 de novembro do ano passado. Ele estava escondido em um sítio na cidade de Goiana, em Pernambuco. Os outros dois foram encontrados, respectivamente, em 24 de novembro e 8 de dezembro de 2012, na Favela da Rocinha, zona sul do Rio, por policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Em 18 de dezembro, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público contra o trio pelo crime de latrocínio, e converteu a prisão temporária em preventiva.