Jornal Estado de Minas

Comissão avalia medidas adotadas em áreas de risco da região serrana do Rio

Agência Brasil
Integrantes da Comissão Especial Moradia Adequada, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, iniciaram nesta quarta-feira visita de três dias à região serrana do Rio de Janeiro para avaliar as medidas adotadas para conter os problemas de moradia em áreas de risco. O grupo dá prosseguimento ao trabalho de assistência às vítimas das chuvas de janeiro de 2011 que provocaram a morte de mais de 900 pessoas na região.
No município de Petrópolis, onde as chuvas do último dia 17 de março deixaram 34 mortos, a comissão constatou “dificuldade muito grande em uma atuação preventiva”, conforme disse à Agência Brasil a secretária-geral do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, ao qual a comissão está subordinada, Tássia Rabelo.

Ela verificou que a cidade, na verdade, possui estrutura para atuar durante o momento emergencial. De acordo com o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, foram instaladas 18 sirenes no município, que já chegou a ter 24 abrigos com “relativa boa estrutura”. “Mas isso é para a questão emergencial”, sustentou a secretária-geral.

Nas visitas feitas às comunidades, a comissão percebeu que há um déficit habitacional elevado, que ultrapassa a questão dos desastres naturais e é resultante da ocupação desordenada. Tássia defendeu que esse problema deveria ser um foco de atenção dos governos federal, estadual e municipal visando à sua superação. “Se não, mais chuvas virão e outras localidades que estão em alto risco poderão ser afetadas”, salientou.

Segundo levantamento efetuado pela prefeitura de Petrópolis, 5 mil famílias se encontram em situação de alto risco somente no primeiro distrito do município. “O déficit habitacional entre alto, médio e baixo risco alcança 12 mil famílias, só no primeiro distrito da cidade”. Por isso, Tássia destacou a necessidade da implantação de uma política de habitação na cidade.

A prefeitura apresentou ainda projeto para construção de mais 2 mil habitações, pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, ainda na gestão da presidenta Dilma Rousseff. “Mas, realmente, ainda é insuficiente para o tamanho do déficit habitacional da cidade, que acaba levando a esses desastres. Não é meramente a chuva. É as pessoas estarem em locais de risco”, disse Tássia Rabelo.

Após as visitas, serão elaborados relatórios pelo grupo de trabalho Direito Humano à Moradia Adequada contendo recomendações que a Secretaria de Direitos Humanos vai encaminhar às administrações locais e aos órgãos responsáveis.

Ainda hoje, em Petrópolis, a comissão visita o Vale do Cuiabá, região mais atingida pelas enchentes de 2011. Em seguida, vai para Teresópolis, onde pretende na quinta-feira recolher informações sobre as comunidades afetadas. De lá, o grupo segue para Nova Friburgo, onde se reúne com autoridades locais, a população atingida e os movimentos sociais. A visita termina na sexta-feira (19), quando a comissão vai para o Rio de Janeiro, onde tem encontros com representantes do governo fluminense.