Jornal Estado de Minas

Júri do Carandiru é retomado na tarde desta quinta-feira

Jurado que havia passado mal está liberado para continuar os trabalhos no Fórum da Barra Funda, em São Paulo. Interrogatório dos réus acontece na sexta-feira

Agência Estado
O julgamento do massacre do Carandiru, em São Paulo, suspenso desde a manhã de desta quarta-feira porque um jurado passou mal, será retomado na tarde desta quinta-feira. A informação foi confirmada pelo Tribunal de Justiça. A avaliação médica foi favorável e o jurado está liberado para continuar os trabalhos no Fórum da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista.

O juiz  José Augusto Nardy Marzagão decidiu retomar o julgamento com a leitura de peças, ou seja, com a leitura de antigos depoimentos sobre o caso e de laudos periciais. Após a leitura de peças, o julgamento prossegue com os depoimentos de quatro dos 26 policiais que são réus no caso, acusados das mortes de 15 detentos que estavam no segundo pavimento do Pavilhão 9 da antiga Casa de Detenção do Carandiru.

Em depoimentos dados até agora, as testemunhas do massacre contam que, naquele dia, houve uma briga entre presos que resultou em uma rebelião. Em seguida, policiais invadiram o local. A promotoria defende que houve excesso policial na ação. Já a defesa alega que a ação era necessária e que os policiais não podem ser condenados pelo ato já que não é possível individualizar suas condutas - dizer quais policiais atiraram e quais foram as vítimas.

No massacre, ocorrido no dia 2 de outubro de 1992, 111 presos foram mortos. Por causa do grande número de réus, 79 policiais, o julgamento do Massacre do Carandiru foi dividido em etapas. No próximo julgamento, que deve ocorrer somente no segundo semestre deste ano, há um comandante e 29 policiais militares acusados de matarem 78 pessoas no segundo pavimento. Em ambos, os acusados eram da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) - corporação responsável pelo maior número de vítimas no massacre do Carandiru. Nos 3.º e 4.º pavimentos atuaram os demais réus, acusados de mais 18 mortes e 5 lesões. Os policiais eram do Comando de Operações Especiais (COE) e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).


Essa não é a primeira vez que um jurado passa mal neste julgamento. No dia 9 de abril, previsto para ser o primeiro dia do julgamento do massacre do Carandiru, uma das juradas teve um mal-estar e os trabalhos foram adiados para o dia 15.